O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, declarou nesta sexta-feira (27) em Curitiba que a estagnação na queda da desigualdade no país, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retrata um "equívoco" das políticas de transferência de renda do governo federal. "O Bolsa Família é um ponto de partida. Para o PT, ele é um ponto de chegada", disse ele, em entrevista. O tucano falou à imprensa na noite desta sexta-feira (27), ao lado do governador Beto Richa (PSDB), no hotel Bourbon.
Para o senador e candidato a presidente em 2014, o governo federal "se contenta com a administração da pobreza e se preocupa pouco com sua superação". Ele defendeu a qualificação dos participantes do Bolsa Família, para a entrada no mercado de trabalho, e a fiscalização do programa, que disse ter "o DNA do PSDB".
Neste sábado, Richa e Aécio participam de encontro regional Sul do PSDB, que acontece no Clube Urca, no Ahú, em Curitiba. Pré-candidato à presidência, Aécio participa de eventos tucanos pelo país já em clima de campanha eleitoral. São quatro até o fim do ano.
O senador falou por cerca de 30 minutos e mostrou discurso alinhado ao de Richa. Ele comentou que o Paraná é discriminado em âmbito nacional. "Tem havido, ao longo dos últimos anos, uma claríssima discriminação do governo federal em relação aos interesses do Paraná. Se o objetivo é discriminar um governo eleito democraticamente, o tiro acerta o alvo errado. Acerta a população do estado", criticou.
Aécio disse que estados em uma situação financeira pior que a do Paraná, como o Rio Grande do Sul, tem seus empréstimos liberados. Os empréstimos ao estado, contratado com instituições financeiras estrangeiras e com o BNDES, estão bloqueados pelo governo, uma vez que o estado está gastando acima do limite prudencial com funcionalismo.
O presidenciável criticou, também, o modelo federativo adotado pelos governos do PT. Ele afirma que o governo federal centraliza as receitas e dificulta a gestão de estados e municípios. "O PSDB quer refundar a Federação do Brasil. Esse estado centralizado, autoritário, interessa àqueles que não têm vocação democrática", comentou.
Ele disse, ainda, que o PSDB, que governou o Brasil entre 1995 e 2002, representa o "novo". "Os velhos são eles [o PT], que adotam as piores práticas políticas, além de gerir um governo extremamente ineficiente", disse.
Eleições
Em pré-campanha para o Planalto, Aécio comentou a pesquisa do Ibope divulgada nesta quinta, que apontou o crescimento das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff (PT), de 30% para 38%. O tucano foi de 13% para 11%. Aécio relativizou o resultado e disse que não se pode comparar a petista com o desempenho de nomes que ainda não disputaram eleições presidenciais. "Em campanha, as pessoas precisam conhecer os candidatos. Hoje, a presidente da República está em campanha", afirmou. "O dado relevante nessa pesquisa é que 60% da população brasileira não quer mais quatro anos do governo do PT."
O senador ressaltou que, ao contrário de Dilma e Marina, nunca participou de eleições eleitorais. Ele ressaltou, também, que os candidatos de oposição têm mais votos que a presidente.
Com um discurso de candidato, o tucano criticou o "desgoverno" de Dilma e disse que ela age como "candidata full time" [o tempo todo], fazendo "lavagem cerebral" com a propaganda oficial. No entanto, disse que não está em campanha. "Estou em campanha para que o PSDB construa um projeto de governo", disse.
Ele acusou, ainda, o governo de estar em campanha permanente. "Só temos em campanha a presidente do Brasil, todos os dias, em todos os veículos de comunicação do país", disse. "Há muito tempo deixamos de ter uma presidente full time para ter uma candidata a presidente full time", disse.
Já Marina recebeu elogios de Aécio. Ele disse que o PSDB espera que a Rede consiga seu registro junto ao TSE e que Marina participe também das eleições. "Acho que o Brasil merece ter uma alternativa como a Marina, como merece ter uma alternativa como o Eduardo [Campos, pré-candidato pelo PSB], ou quantas outras possam surgir", disse.
Serra
Durante a entrevista, Aécio negou ser candidato à presidência e disse que isso ainda não está definido pelo partido. Ele elogiou, também, o ex-ministro da Saúde José Serra, seu virtual oponente na disputa pela indicação do partido. "É um privilégio para o PSDB ter um quadro como José Serra. Qualquer partido no Brasil ou mesmo fora do Brasil gostaria de ter um quadro com a história política de José Serra, com sua qualidade, com sua visão de pais", disse.
Ele afirmou, também, que sua postução para disputar a presidência da República é "legítima" e que está confiante que estarão juntos durante a campanha eleitoral. Há rumores de que Serra deixaria o PSDB para concorrer à presidência pelo PPS.
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