Tarifa
Richa nega corte em investimentos de empresas de pedágio
O governador Beto Richa (PSDB) disse ontem que ficou surpreso com as declarações "um tanto equivocadas" feitas na última terça-feira pelo diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias Rodoviárias (ABCR), João Chiminazzo Neto, a respeito das negociações em torno do pedágio no estado. Segundo o representante das concessionárias de pedágios, para haver redução nas tarifas, os contratos teriam de ser prorrogados para além de 2022 ou, então, teria de haver remanejamento ou corte nos investimentos previstos atualmente. "Se você tira a responsabilidade da concessionária, você atinge a tarifa", afirmou Chiminazzo.
Desde que assumiu o governo, Richa colocou a negociação com as concessionárias como uma de suas prioridades e nunca escondeu que seu grande objetivo é reduzir as tarifas antes da eleição de outubro do ano que vem, quando tentará a reeleição. Ontem, o tucano voltou a se dizer otimista em relação à queda nos preços do pedágio, mas se mostrou contrariado com as afirmações de Chiminazzo. Segundo o governador, seu único compromisso é com os interesses da população paranaense. "Me surpreende uma declaração tão taxativa assim. Nós temos uma série de alternativas [para reduzir a tarifa]. [Mas] a situação é muito complexa. Se fosse fácil, outros governos já teriam feito", defendeu.
Logo após a entrevista, Richa e sua equipe se reuniram por mais de duas com os representantes das concessionárias. Ao fim do encontro, o secretário de Infraestrutura e Logística e irmão do governador, Pepe Richa, minimizou as afirmações de Chiminazzo. "O que ouvimos [aqui] não tem muito a ver com o que foi dito [ontem]. As negociações estão sendo feitas todas dentro do [que prevê o] contrato", garantiu à RPC TV.
Adotando um evidente discurso de campanha, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse ontem, em Curitiba, que "certamente [será candidato] a alguma coisa" nas eleições do ano que vem. Questionado se disputará a Presidência da República, o tucano foi evasivo. Serra, porém, deixou claro que tem divergências dentro do PSDB, que já lançou o senador Aécio Neves (MG) como pré-candidato. Afirmando que nem tudo é maravilhoso no ninho tucano, ele disse que não depende só dele o partido pelo qual irá dar continuidade ao seu projeto de ser uma opção para mudar o governo federal.
Ao lado do governador Beto Richa numa coletiva, Serra se esquivou de traçar seu destino para as próximas eleições. A única certeza, disse, é que apoiará Geraldo Alckmin na reeleição para o governo paulista. De resto, deixou abertas as possibilidades em relação ao cargo que irá disputar e por qual partido. "O PSDB é um partido que ajudei a fundar e com o qual tenho muita identidade. É tudo maravilhoso? Não. Na vida, é sempre assim", desconversou.
Sobre o recente convite do PPS para ser candidato a presidente, ele declarou não ter "nenhum plano para sair amanhã do PSDB". "Nunca me incomoda quando alguém tem interesse em ficar do meu lado, na vida pública é assim. Mas isso não significa que já tenha um caminho pré-determinado e certeiro", garantiu.
Serra, porém, cutucou o comando nacional do PSDB ao defender a realização de prévias. Em pesquisa divulgada no último fim de semana pelo Datafolha, ele teve desempenho muito próximo ao de Aécio. "Quem pode falar pelo partido é o próprio partido. Mas não vejo nada de exótico em primárias, se houver mais de um candidato".
Ataques ao governo
Sempre que foi questionado sobre 2014, o tucano destacou que o mais importante é discutir o futuro do país. Com base nisso, atacou a gestão de Dilma Rousseff e disse que o Brasil está "sem rumo". "[O governo] não tem projeto, não sabe para onde vai. Tudo é prioritário e nada é prioritário. Está faltando um governo que antecipa acontecimentos, que planeja e identifica prioridades."
O ex-governador também comprou o discurso de Richa de que o governo federal discrimina estados administrados por adversários. Ele citou que o Paraná seria o 5.º estado em contribuições à União, mas apenas o 23.º no ranking de investimentos federais. "É uma aberração que não se justifica sob nenhum critério. [O governo federal tem de] usar menos política nas decisões de investimentos, na distribuição regional dos gastos federais", disse Serra.
Por fim, defendeu que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investigue todas as licitações de trem, metrô e energia do país, inclusive as do governo federal. Isso porque os últimos governos tucanos de São Paulo são investigados devido a uma denúncia de formação de cartel em negócios envolvendo a compra e manutenção de equipamentos para o metrô da capital. "São empresas que fornecem para o Brasil inteiro, que são as principais fornecedoras do governo federal. Se é para fazer investigação, que se faça sobre tudo. Não tem por que ser restrito", afirmou, negando qualquer irregularidade na licitação ocorrida durante sua gestão como governador.
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