José Serra e Beto Richa no Palácio Iguaçu, em Curitiba: única definição foi o apoio à reeleição de Geraldo Alckmin| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Tarifa

Richa nega corte em investimentos de empresas de pedágio

O governador Beto Richa (PSDB) disse ontem que ficou surpreso com as declarações "um tanto equivocadas" feitas na última terça-feira pelo diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias Rodoviárias (ABCR), João Chiminazzo Neto, a respeito das negociações em torno do pedágio no estado. Segundo o representante das concessionárias de pedágios, para haver redução nas tarifas, os contratos teriam de ser prorrogados — para além de 2022 — ou, então, teria de haver remanejamento ou corte nos investimentos previstos atualmente. "Se você tira a responsabilidade da concessionária, você atinge a tarifa", afirmou Chiminazzo.

Desde que assumiu o governo, Richa colocou a negociação com as concessionárias como uma de suas prioridades e nunca escondeu que seu grande objetivo é reduzir as tarifas antes da eleição de outubro do ano que vem, quando tentará a reeleição. Ontem, o tucano voltou a se dizer otimista em relação à queda nos preços do pedágio, mas se mostrou contrariado com as afirmações de Chiminazzo. Segundo o governador, seu único compromisso é com os interesses da população paranaense. "Me surpreende uma declaração tão taxativa assim. Nós temos uma série de alternativas [para reduzir a tarifa]. [Mas] a situação é muito complexa. Se fosse fácil, outros governos já teriam feito", defendeu.

Logo após a entrevista, Richa e sua equipe se reuniram por mais de duas com os representantes das concessionárias. Ao fim do encontro, o secretário de Infraestrutura e Logística e irmão do governador, Pepe Richa, minimizou as afirmações de Chiminazzo. "O que ouvimos [aqui] não tem muito a ver com o que foi dito [ontem]. As negociações estão sendo feitas todas dentro do [que prevê o] contrato", garantiu à RPC TV.

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Adotando um evidente discurso de campanha, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse ontem, em Curitiba, que "certamente [será candidato] a alguma coisa" nas eleições do ano que vem. Questionado se disputará a Presidência da República, o tucano foi evasivo. Serra, porém, deixou claro que tem divergências dentro do PSDB, que já lançou o senador Aécio Neves (MG) como pré-candidato. Afirmando que nem tudo é maravilhoso no ninho tucano, ele disse que não depende só dele o partido pelo qual irá dar continuidade ao seu projeto de ser uma opção para mudar o governo federal.

Ao lado do governador Beto Richa numa coletiva, Serra se esquivou de traçar seu destino para as próximas eleições. A única certeza, disse, é que apoiará Geraldo Alckmin na reeleição para o governo paulista. De resto, deixou abertas as possibilidades em relação ao cargo que irá disputar e por qual partido. "O PSDB é um partido que ajudei a fundar e com o qual tenho muita identidade. É tudo maravilhoso? Não. Na vida, é sempre assim", desconversou.

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Sobre o recente convite do PPS para ser candidato a presidente, ele declarou não ter "nenhum plano para sair amanhã do PSDB". "Nunca me incomoda quando alguém tem interesse em ficar do meu lado, na vida pública é assim. Mas isso não significa que já tenha um caminho pré-determinado e certeiro", garantiu.

Serra, porém, cutucou o comando nacional do PSDB ao defender a realização de prévias. Em pesquisa divulgada no último fim de semana pelo Datafolha, ele teve desempenho muito próximo ao de Aécio. "Quem pode falar pelo partido é o próprio partido. Mas não vejo nada de exótico em primárias, se houver mais de um candidato".

Ataques ao governo

Sempre que foi questionado sobre 2014, o tucano destacou que o mais importante é discutir o futuro do país. Com base nisso, atacou a gestão de Dilma Rousseff e disse que o Brasil está "sem rumo". "[O governo] não tem projeto, não sabe para onde vai. Tudo é prioritário e nada é prioritário. Está faltando um governo que antecipa acontecimentos, que planeja e identifica prioridades."

O ex-governador também comprou o discurso de Richa de que o governo federal discrimina estados administrados por adversários. Ele citou que o Paraná seria o 5.º estado em contribuições à União, mas apenas o 23.º no ranking de investimentos federais. "É uma aberração que não se justifica sob nenhum critério. [O governo federal tem de] usar menos política nas decisões de investimentos, na distribuição regional dos gastos federais", disse Serra.

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Por fim, defendeu que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investigue todas as licitações de trem, metrô e energia do país, inclusive as do governo federal. Isso porque os últimos governos tucanos de São Paulo são investigados devido a uma denúncia de formação de cartel em negócios envolvendo a compra e manutenção de equipamentos para o metrô da capital. "São empresas que fornecem para o Brasil inteiro, que são as principais fornecedoras do governo federal. Se é para fazer investigação, que se faça sobre tudo. Não tem por que ser restrito", afirmou, negando qualquer irregularidade na licitação ocorrida durante sua gestão como governador.