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Em desvantagem de até 18 pontos nas pesquisas de intenção de voto, a candidata do PT Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo partiu para um derradeiro ataque ao apresentar, no último debate de TV antes da eleição de domingo, uma carta de despejo supostamente enviada pela prefeitura a moradores de favela com recomendações que incluem "tirar as crianças do caminho".

A candidata acusou ainda o município de utilizar cães, polícia e gás lacrimogêneo na retirada dos moradores. O prefeito e candidato Gilberto Kassab (DEM), líder das pesquisas, afirmou desconhecer a carta e voltou a vincular a candidata ao escândalo do mensalão, acusação de corrupção envolvendo o PT que veio a público em 2005.

Ainda no primero dos cinco blocos do debate realizado pela Rede Globo, Marta leu o documento, sem entregar cópia à imprensa no final do programa. Com cerca de uma hora e meia, o debate teve audiência média de 26 pontos no Ibope.

A carta, segundo Marta, foi entregue pela prefeitura à moradora Luciene da Silva da favela do Jardim Edith, na zona sul da capital.

"Deixar os móveis desmontados, amarrar as portas dos armários, descongelar a geladeira, desocupar o fogão, colocar as coisas miúdas em caixas, não deixar crianças no meio do caminho, deixar almoço ou lanche prontos e avisar no serviço que vai faltar", diz a carta lida por Marta, que questionou a opinião do prefeito sobre o texto.

Nervoso, Kassab falou em "pegadinhas". "Independente do documento que você leu aí, o importante é fazer um debate sobre São Paulo. O importante é discutir a cidade e não com pegadinhas de documentos", afirmou.

Marta, que disse ter recebido o documento há dois dias, revidou. "Respeitar as pessoas não é com você mesmo. Este documento de despejo você manda para as pessoas na véspera. No dia seguinte, vai cachorro e gás lacrimogêneo, trator e polícia. Não é pegadinha", afirmou a candidata.

Na sequência, Kassab duvidou da veracidade do documento afirmando que não sabia se ele é "verdadeiro ou não". Disse que foram investidos em sua gestão "mais do que o triplo" em habitação do que na administração da petista, que governou a cidade entre 2001 e 2004 e foi derrotada na tentativa de reeleição.

Na entrevista dada ainda na sede da Globo, Kassab disse que desconhece a carta de despejo. "Eu não tenho conhecimento, não posso fazer nenhuma afirmação", disse, negando o uso de cães, gás lacrimogêneo e polícia na retirada das famílias.

Marta também trouxe ao debate o caso de um fiscal da atual gestão preso por acusação de integrar a chamada máfia dos fiscais em São Paulo, além de insistir na vinculação do prefeito com a gestão Celso Pitta, de quem ele foi secretário.

Kassab revidou voltando ao escândalo do mensalão, como fez em outro debate. O prefeito afirmou que Marta "nunca discordou" dos companheiros de partido envolvidos no esquema. "Eu me afastei do Pitta, eu coloquei esse cidadão (fiscal) na cadeia, mas você não disse o que acha dessa equipe que foi chamada de 'quadrilha' pelo Procurador-geral da República."

Foram três citações ao mensalão feitas de tal forma que ela não pôde responder no esquema de perguntas e respostas do debate. Questionada na entrevista à imprensa, Marta disse que o mensalão começou em Minas Gerais com o PDB, "partido parceiro dele". "Nunca tive nada com o mensalão nem trabalhei com ninguém ligada ao mensalão."

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