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Lula, em discurso após depor à PF: horas antes, ele  entregou defesa com críticas à oposição e à imprensa e ao MP. | Ale Vianna/Eleven/Folhapress
Lula, em discurso após depor à PF: horas antes, ele entregou defesa com críticas à oposição e à imprensa e ao MP.| Foto: Ale Vianna/Eleven/Folhapress

O ex-presidente Lula entregou na última sexta-feira (4) um documento de 14 páginas aos investigadores da Lava Jato em que explica a polêmica do triplex no Guarujá e se diz vítima de uma perseguição política.

O documento, divulgado pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (7), foi entregue durante o cumprimento do mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente, durante a deflagração da Operação Aletheia, a 24.ª fase da Lava Jato.

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“A mesquinhez dessa ‘denúncia’, que restará sepultada nos autos e perante a História, é o final inglório da maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político nesse país”, diz Lula no documento entregue à força-tarefa. No documento, o ex-presidente desmente que o tríplex no Guarujá tenha sido ocultado de seu patrimônio.

Lula também ataca a oposição e a imprensa no documento. “Sem ideias, sem propostas, sem rumo, a oposição acabou no Guarujá”, diz o documento. “Na mesma praia se expõem ao ridículo uma imprensa facciosa e seus agentes públicos partidarizados”, conclui.

Ao longo das 14 páginas, o ex-presidente expõe o “passo a passo” da polêmica do apartamento no Guarujá (SP). Segundo Lula, em 2005 sua esposa Marisa Letícia Lula da Silva tornou-se associada à Bancoop e adquiriu uma cota-parte do empreendimento. A ex-primeira dama teria pago uma entrada de R$ 20 mil, além de prestações mensais até setembro de 2009.

Segundo o documento, Lula e Marisa investiram R$ 286 mil em valores atualizados no investimento – montante que foi declarado no imposto de renda e na prestação de contas de Lula ao Tribunal Superior Eleitoral. Quando o empreendimento foi assumido pela OAS, Lula e Marisa teriam desistido de comprar o apartamento.

Visita

O ex-presidente admite ter visitado o Condomínio Solaris apenas uma vez, na companhia do presidente da OAS Leo Pinheiro. Na ocasião, entre 2014 e 2015, o ex-presidente visitou uma unidade que estava disponível para venda – razão pela qual estava em nome da OAS.

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“Era o apartamento triplex 164-A”, admite Lula no documento. “Lula e Marisa avaliaram que o imóvel não se adequava às necessidades e características da família, nas condições em que se encontrava”, diz o documento entregue à força-tarefa.

Apesar de Marisa e seu filho Fabio Luis Lula da Silva terem voltado ao apartamento em outra ocasião, quando estava em reformas, Lula nega que tenha utilizado o imóvel para qualquer finalidade.

Desistência

Lula afirma no documento que mesmo depois das reformas no triplex desistiu de adquirir o imóvel porque “as notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento”.

Duras críticas

No documento, o ex-presidente faz duras críticas à oposição, à imprensa e aos investigadores do Ministério Público de São Paulo que investigam o caso do apartamento. Ele criticou o promotor Cassio Conserino, que afirmou em entrevista à revista Veja que denunciaria Lula por ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro.

“Trata-se de um procedimento que se arrasta a quase dez anos, do qual Lula e sua família jamais fez parte, e que é sistematicamente ressuscitado na imprensa em momentos de disputa política envolvendo o PT”, diz o documento.

Lula também ironiza a oposição ao PT no documento entregue aos investigadores. “Aos adversários de Lula (...) restou o patético recurso de procurar um crime num apartamento de 215 metros quadrados, que nunca pertenceu a Lula nem a sua família”.

O ex-presidente também acusa a imprensa, a oposição e “alguns agentes públicos partidarizados” de criar expectativas de envolver o nome de Lula na Lava Jato.

Entenda o caso

O ex-presidente Lula foi alvo da Operação Aletheia, 24.ª fase da Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (4). Ele foi alvo de um mandado de condução coercitiva e vários mandados de busca e apreensão em sua residência e em empresas e instituições ligadas a ele.

A expectativa em torno de uma possível operação contra o presidente aumentou depois da deflagração da 22ª fase da Lava Jato, Operação Triplo X, em janeiro. A PF começou a investigar empreendimentos no Condomínio Solaris, no Guarujá, onde supostamente o ex-presidente seria dono de um tríplex.

Na 23.ª fase da Lava Jato, o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas presidenciais de Lula, foi preso suspeito de receber valores oriundos da corrupção na Petrobras.

Na quinta-feira (3) a revista IstoÉ trouxe à tona uma série de documentos que supostamente seriam depoimentos do senador Delcídio do Amaral em regime de colaboração premiada. Os depoimentos implicam o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT), além de outros investigados.

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