Depois de reclamarem da polícia e do "abuso do Judiciário", parlamentares aproveitaram esta quarta-feira (10) o depoimento do ministro das Cidades, Mário Negromonte, na Câmara, para recriminar o papel da imprensa nas denúncias de corrupção na máquina pública. As críticas mais contundentes partiram de integrantes do PP, que acusaram a imprensa de "denuncismo" contra ministérios e ministros do governo Dilma Rousseff.
"Somos a favor da imprensa livre, mas esperamos que ela seja mais responsável. É fácil fazer acusações levianas, sem conteúdo sem provas", reclamou o líder do PP, Nelson Meurer (PR). "A imprensa vive vasculhando aquilo que não tem muito significado. É sensacionalista", disse o senador Benedito de Lira (PP-AL). "Hoje, alguns repórteres acham que vendem jornais e revistas atacando políticos", emendou o deputado Paulo Maluf (PP-SP). "Não vamos permitir que sua dignidade seja manchada com informações levianas", afirmou o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA).
Mario Negromonte optou por defender a liberdade de imprensa, apesar das criticas de seus colegas de partido. "Eu prefiro a imprensa que erra do que o retorno da ditadura", afirmou o ministro. Reportagem da revista IstoÉ denunciou que Ministério das Cidades libera recursos para obras classificadas como irregulares pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e que empresas doaram cerca de R$ 15 milhões em 2010 para campanhas eleitorais da legenda.
Já a senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse da tribuna que se sentiu "indignada" pela forma como a imprensa tratou a maneira como ela agiu para não comentar a prisão de seu ex-chefe de gabinete e assessor de campanha, Mário Moysés, com outros 34 servidores do Ministério do Turismo. Ela negou que tenha saído da mesa do plenário, na tarde de terça, para o banheiro para se esconder dos repórteres. "Fui porque havia uma necessidade de ir ao banheiro", alegou. Quando saí, havia 10 jornalistas, para minha surpresa e eu simplesmente disse que não iria mais falar sobre o assunto, porque já havia me manifestado e não sabia e não sabia do que se tratava".
A senadora omitiu em seu discurso a forma inédita como deixou o plenário: ela "escapuliu" pela saída que dá acesso à taquigrafia chamado de buraco da taquigrafia, contrariando policiais que haviam vetado a ideia porque o local está em obras. Dali, foi para o estacionamento lateral, onde era aguardada pelo seu carro.