O secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), elogiou, em depoimento prestado à Justiça Federal nesta terça-feira (17), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e o ex-presidente do PT José Genoino, ambos réus no caso mensalão e atualmente deputados pelo PT de São Paulo.

CARREGANDO :)

Arrolado como testemunha de defesa pelo ex-deputado federal José Janene (PP), Cardozo disse que não teve conhecimento sobre o esquema antes de o caso vir à tona por meio da imprensa. Ele negou que conhecesse o empresário Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão.

O mensalão foi classificado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um esquema no qual parlamentares supostamente recebiam dinheiro em troca de apoio a projetos do governo no Congresso. O MPF foi o órgão responsável por denunciar o esquema – a denúncia foi aceita em agosto de 2007 pelo Supremo, que abriu uma ação penal para julgar o caso.

Publicidade

O secretário-geral do PT afirmou que Genoino não se envolvia com questões financeiras do partido, quando exercia a função de presidente da legenda. "Na época, eu era deputado e convivia com o Genoino. Posso lhe assegurar que o deputado se comportava mais como deputado do que como gestor do PT. Ele participava diretamente das nossas reuniões. Eu cheguei a fazer críticas pedindo que cuidasse um pouco mais do partido", disse.

"Essa é uma critica que fiz a ele e curiosamente faço hoje quando participo dos debates internos do PT. Quem ocupa a presidência tem que se dedicar muito mais ao partido, inclusive, fazendo a gestão política e administrativa. Seguramente, ele não fazia essa tarefa", completou Cardozo.

Sobre João Paulo Cunha, o depoente disse ter um "excelente conceito" e destacou que o colega tem uma boa relação com a bancada do PT. "Passei a conhecer a atuação de João Paulo através de minha ex-esposa, que é promotora de Justiça em Osasco-SP", contou. Na época, segundo Cardozo, João Paulo apresentava com frequência denúncias para que o Ministério Público investigasse.

Reformas

Perguntado se já ouviu falar de alguma oferta de recursos a parlamentares em troca do apoio a reformas aprovadas no primeiro mandato de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado José Eduardo Cardozo garantiu que nunca se discutiu isso. Ele citou o fato de o governo possuir na época maioria na Câmara e lembrou que a própria oposição foi importante para a aprovação das reformas.

Publicidade

"Como o governo Fernando Henrique Cardoso havia pretendido fazer a reforma [da Previdência], parlamentares da oposição apoiaram o projeto. Até porque, a reforma da Previdência foi uma reforma bastante bem intencionada. Na época, a oposição teve papel importante na aprovação dessa emenda", afirmou.