A presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitou o discurso realizado neste domingo (01) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, para atacar o vice-preseidente Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) e classificar novamente o processo de impeachment como golpe. A presidente falou durante evento promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em comemoração ao Dia do Trabalhador.
A presidente disse que “inventaram um crime de responsabilidade” para tentar afastá-la e chamou Temer de “usurpador do poder”. “Tiveram que inventar um crime, eles começaram dizendo que eram seis decretos. Eu, em 2015, fiz 6 decretos chamados de suplementação. O FHC, em 2001, fez 101 decretos de suplementação. Para ele, não era nenhum golpe nas contas públicas. Pra mim, é golpe. Vejam vocês, dois pesos e duas medidas, porque não tem do que me acusar”, criticou Dilma. “Não é um golpe com tanques nas ruas, com armas. É um golpe especial. Eles rasgam a Constituição do país”, afirmou a presidente.
Dilma também atacou o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB). “Esse senhor chamado Eduardo Cunha foi o principal agente na história de desestabilizar o meu governo”, acusou. “Quanto melhor para eles, pior para o governo e pior para o povo brasileiro. Não aprovavam nenhuma das reformas que nós propúnhamos, não aprovavam os necessários aumentos de receita para que a gente pudesse continuar impedindo que a crise avançasse. Apostaram sempre contra o povo brasileiro”, criticou a presidente durante sua fala.
Dilma também acusou Cunha de só aceitar o processo de impeachment na Câmara para se vingar do PT, que afirmou que votaria contra o presidente da Câmara no processo de cassação no Conselho de Ética. “É mais que uma chantagem, é desvio de poder, é usar seu cargo para garantir a impunidade”, disse a petista.
A presidente voltou a classificar o impeachment como golpe. “Se eles praticam isso conta mim, o que vão praticar contra o povo trabalhador, o que vão praticar contra as pessoas mais anônimas desse país?”, questionou Dilma. A presidente afirmou ainda que vai “lutar até o fim”. “É verdade que eu lutei e resisti contra a ditadura, quero dizer que a luta agora é muito mais ampla, é uma luta que vamos levar em favor de todas as conquistas democráticas e da luta contra a ditadura”, disse.
A presidente também criticou o projeto “Uma Ponte para o Futuro”, proposto pelo PMDB, para um possível governo Temer. “É sobre isso que se trata: defender um projeto. Não é a minha pessoa, o meu mandato não é o mandato de uma pessoa individual. O meu mandato me foi dado por 54 milhões de pessoas que acreditavam em um projeto. Esse projeto que eles querem implantar no Brasil não é o projeto vitorioso em 2014”, disse Dilma. “Se querem implantar esse projeto, vão as urnas em 2018. Da forma como eles querem chegar ao poder sem voto, em uma eleição indireta sobre o disfarce de impeachment, não não passarão”, concluiu a presidente.
Pacote de bondades
A presidente também aproveitou o discurso para falar sobre as medidas aprovadas pelo governo nos últimos dias na área social. Dilma anunciou, por exemplo, um aumento médio de 9% no Bolsa Família. A presidente anunciou ainda correção de 5% na tabela do imposto de renda para pessoas físicas a partir do ano que vem; criação de um conselho tripartite com empresários, trabalhadores e governo, o Conselho Nacional do Trabalho; a ampliação da licença paternidade para funcionários públicos (de cinco para 20 dias) e convênios com movimentos populares para a construção de 25 mil moradias.
Senadora paranaense
A senadora paranaense Gelisi Hoffmann (PT) esteve ao lado de Dilma durante todo o discurso em São Paulo. Em suas redes sociais, Gleisi postou fotos ao lado da presidente e do senador Lindbergh Farias (PT) aguardando para participarem do ato.
O ex-presidente Lula não participou do ato neste domingo (1). Segundo a assessoria de imprensa, Lula estava com problemas de saúde e “totalmente sem voz” e por isso precisou ficar em casa em repouso.
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