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“A comissão não é contra a anistia. Anistia não se mexe. Foi um grande acordo. O que se quer é interpretar corretamente essa anistia.” Paulo Vannuchi, ministro de Direitos Humanos | Marcello Casal Jr./ABr
“A comissão não é contra a anistia. Anistia não se mexe. Foi um grande acordo. O que se quer é interpretar corretamente essa anistia.” Paulo Vannuchi, ministro de Direitos Humanos| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Igreja católica

Bispos assinam manifesto contra o programa

Sessenta e sete bispos católicos assinaram documento condenando o Programa dos Direitos Humanos por causa da proposta de retirada do crucifixo dos locais públicos e da liberação do aborto. Com a nota, os bispos reiteraram as críticas feitas anteriormente ao plano pela Conferência Nacio­­nal dos Bispos do Brasil (CNBB).

Reunidos no fim de semana no Rio de Janeiro, os bispos afirmaram que, como é tradição da Igreja Católica, decidiram se manifestar num momento significativo, em defesa da democracia, dos "legítimos direitos humanos" e do bem comum da sociedade. No documento, eles dizem que se viam na obrigação de exigir a rejeição de terminados pontos do plano, lançado em dezembro.

"Não podemos aceitar que o legítimo direito humano, já reconhecido na Declaração de 1948, de liberdade religiosa em todos os níveis, inclusive o público, possa ser cerceado pela imposição ideológica que pretende reduzir a manifestação religiosa a um âmbito exclusivamente privado. Os símbolos religiosos expressam a alma do povo brasileiro e são manifestação das raízes históricas cristãs que ninguém tem o direito de cancelar", afirmaram os bispos sobre a su­­gestão de que sejam retirados os crucifixos dos locais públicos."

Brasília - O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, afirmou ontem que o parecer da Procuradoria-Geral da República contrário à revisão da Lei de Anistia não deve influenciar os debates da Comissão da Verdade – prevista no polêmico 3.º Programa Nacional de Direi­­tos Humanos. Mas, em um discurso dúbio, Vannuchi afirmou que a comissão não tem interesse em rever a anistia, mas "interpretar corretamente" a lei.

"Eu discordo do parecer da Procuradoria (...) Não acredito que tenha influência nos debates da comissão. A comissão não é contra a anistia. Anistia não se mexe. Foi um grande acordo. O que se quer é interpretar corretamente essa anistia", disse ele. Na semana passada, o ministro havia declarado que a comissão não iria levar ninguém à "masmorra", dando a entender que não seria discutida a punição de torturadores do regime militar.

O parecer da Procuradoria a que Vannuchi se referiu foi encaminhado na sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal, que deve julgar ainda neste ano uma ação proposta pela Ordem dos Advovados do Brasil, que pede justamente uma nova interpretação da Lei de Anistia. No entendimento da OAB, a lei não contempla a prática de tortura, considerada um crime contra a humanidade e que deveria ser imprescritível.

Vannuchi ontem ainda disse que, no parecer contra a revisão da lei, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, se posicionou a favor da abertura e do livre acesso dos arquivos da ditadura militar, um dos objetivos da Comissão da Verdade.

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