Em editorial sobre a crise política brasileira publicado na edição impressa desta semana, a revista britânica The Economist pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT).
Com o título “Hora de Partir” (Time to Go), o texto avalia que, até recentemente, mesmo sob protestos, o governo Dilma tinha legitimidade intacta, e que a presidente podia dizer que tinha o desejo de ver a justiça ser feita.
Leia o editorial da revista “The Economist” (em inglês)
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Leia a matéria completaAgora, contudo, Dilma “rejeitou o que vestia de credibilidade”. A opinião da revista se baseia na decisão da presidente de nomear Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro chefe da Casa Civil, com o que o ex-presidente garantiria o foro privilegiado.
No editorial, a The Economist reafirma sua antiga posição de que o Judiciário ou os eleitores é que devem decidir o destino de um presidente, e não políticos que buscam satisfazer seu próprios interesses em um processo de impeachment.
No caso de Dilma, no entanto, a revista explica que sua decisão de nomear Lula parece uma crassa tentativa de frustrar o rumo da Justiça. “Mesmo que essa não tenha sido sua intenção, esse seria seu efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os limitados interesses de sua tribo política em vez do Estado de Direito. Assim, mostrou-se inapta a continuar presidente”.
A publicação pondera três formas de Dilma deixar o Palácio do Planalto. O processo de impeachment com base nas pedaladas fiscais é alternativa descartada porque a The Economist avalia que não há provas de que a presidente cometeu crime nesse caso, e que o precedente de cassação por pressão popular seria perigoso.
As três formas legítimas analisadas pela revista são: obstrução de Justiça no caso das investigações sobre a Petrobras ou a tentativa de proteger Lula, a cassação de seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por rejeitar as contas da campanha de Dilma em 2014, ou sua renúncia -”a melhor e mais rápida forma”.
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O editorial reconhece que a mera saída de Dilma não resolveria os muitos problemas de base do país, e que o PMDB também está amplamente envolvido no escândalo de corrupção.
Por fim, a The Economist aponta que o Judiciário também tem questões a resolver. O juiz Sergio Moro, por exemplo, é criticado por sua decisão de levantar o sigilo das conversas telefônicas entre Lula e interlocutores com foro privilegiado, como a própria Dilma.
“Isso não justifica a reivindicação de governistas de que os juízes estão promovendo um ‘golpe’. Mas torna fácil suspeitos da Lava Jato desviarem a atenção de seus próprios erros para os tropeços de seus perseguidores”, afirma o texto.
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