A presidente Dilma Rousseff pediu mais tempo para que possa entregar tudo o que prometeu durante a campanha eleitoral para a reeleição no ano passado. O pedido foi feito durante entrevista da presidente ao jornal alemão Handelsblatt, publicada nesta sexta-feira (21). À publicação, Dilma diz ainda que a recessão deve atingir o Brasil por período de “seis a no máximo 12 meses”, mas reconhece que o caminho posterior será difícil e “ninguém vai passar sem ajustes dolorosos”.
“Governo está se esforçando para superar ‘este momento difícil”
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (21) em Cabrobó (PE) que o governo enfrenta dificuldades com o seu orçamento. Reconheceu as dificuldades e disse que não adianta tapar o sol com uma peneira, mas que seu governo está se esforçando para superar este momento difícil pelo qual passa a economia brasileira.
“Estamos passando por dificuldades e não vamos tapar o sol com a peneira, mas vamos superá-las”, disse. “Como vocês têm dificuldades nas suas casas com o orçamento, o governo federal também teve. E como vocês escolhem onde aplicar o dinheiro, o governo federal também, mas não vamos cortar os programas sociais”, ressaltou a presidente, durante cerimônia em que inaugurou a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).
A estrutura levará a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Com isso, o PISF chega a 77,8% das obras concluídas. O investimento nesse trecho é de R$ 625 milhões. “Vamos trabalhar todos os dias, porque não queremos mais que o nordestino tenha de sair do Nordeste. Queremos que todos tenham oportunidades, porque cada indivíduo é diferente, mas as oportunidades têm de ser iguais”, disse.
Na entrevista, Dilma reconheceu que não conseguiu entregar o prometido nas eleições de 2014, mas pediu tempo aos eleitores. “Em nove meses desde a eleição, nós não conseguimos implementar o que prometemos para o segundo mandato. Eu digo: nos dê mais tempo e então nós poderemos alcançar as expectativas”, disse ao jornal.
A presidente brasileira afirmou que prevê que o Brasil fique em recessão por “seis a no máximo 12 meses” antes de voltar a crescer. Dilma alertou, porém, que o caminho do país pela frente não deve ser fácil e afirmou que “ninguém vai passar sem ajustes dolorosos”. Diante desse cenário menos favorável, a presidente reconhece que o ritmo de redução da pobreza no Brasil será mais lento. “Nós não vamos progredir tão rápido como na década passada.”
Questionada sobre eventual preocupação com a iminente subida de juros nos Estados Unidos, Dilma expressou confiança de que o Federal Reserve (banco central americano) fará o movimento “com cautela e no ritmo certo, de modo a não incentivar a instabilidade”.
A presidente sugeriu que países devem trabalhar em conjunto para lidar com a situação econômica desfavorável. Ao comentar que o ajuste da China deve afetar o mercado de commodities por mais algum tempo, Dilma sugeriu que o G20 – grupo das 20 maiores economias do mundo – deve ter papel importante para essa coordenação das políticas.
A entrevista trata pouco do caso de corrupção na Petrobras. Nesse tema, a presidente brasileira reafirmou o discurso de que os responsáveis devem ser punidos, mas as empresas não. “Nós não queremos criminalizar as empresas ou puni-las coletivamente. Nosso modelo é o dos Estados Unidos, que punem os responsáveis e as empresas seguem em frente”, disse.
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