A presidente Dilma Rousseff voltou a classificar o processo de impeachment como golpe nesta sexta-feira (22) em entrevista a jornais estrangeiros durante viagem a Nova York (EUA).
“No passado, os golpes foram feitos com metralhadoras, tanques e armas. Hoje bastam mãos propensas a rasgar a Constituição”, afirmou de acordo com registro do “The New York Times”.
Dilma viajou aos Estados Unidos para participar, mais cedo na sexta, da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris de Mudanças Climáticas, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas). A presidente retornou a Brasília neste sábado (23).
A expectativa era que ela usasse seu discurso no evento para denunciar o que vem chamando de golpe contra seu governo, mas Dilma ó se referiu à crise política brevemente no fim do pronunciamento, sem mencionar a palavra golpe.
A retórica foi retomada em entrevista coletiva na casa do embaixador do Brasil na ONU, o ex-chanceler Antonio Patriota.
“Um processo está em curso no Brasil com todas as características de um golpe”, afirmou Dilma. “Não há fundamento legal, base legal para o processo de impeachment em andamento.”
A presidente também classificou seus oponentes de conspiradores e disse que eles seriam julgados severamente pela história.
“Vou lutar até que eleições diretas sejam realizadas, se eu for afastada do cargo - uma situação hipotética que eu não acredito [que ocorrerá]. Eu acredito que é desconfortável afastar uma pessoa inocente. Eu sou uma vítima de uma conspiração”, disse de acordo com o “Wall Street Journal”.
Críticas
Dilma afirmou que nunca teve a intenção de fazer com que a crise no país fosse o tema central de seu discurso na ONU e que, portanto, as críticas a ela foram exageradas.
O vice-presidente Michel Temer havia expressado preocupação de que a fala em golpe prejudicasse a imagem do país -a mesma avaliação de dois deputados oposicionistas que viajaram a Nova York para acompanhar o discurso.
Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como Celso de Mello, Gilmar Mendes e Dias Toffoli também criticaram o fato de o governo classificar o impeachment como golpe. Na última quarta (20), Celso de Mello disse que Dilma cometia um “gravíssimo equívoco”, uma vez que o processo era constitucional.
Questionada sobre o assunto, a presidente respondeu essa visão não é a opinião do Supremo, mas de três ministros que “que não deveriam dar opinião porque vão me julgar”.
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