Em entrevista, Temer sai em defesa de Osmar Serraglio

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Em entrevista a um programa Roberto D’Avila exibido pelo canal GloboNews na noite de quarta-feira (22), o presidente da República, Michel Temer (PMDB), criticou o que chamou de “espetáculo” na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, e também saiu em defesa do seu ministro da Justiça e da Segurança Pública, o deputado federal licenciado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que fortuitamente aparece em uma das interceptações telefônicas realizadas ao longo da investigação.

“O Osmar Serraglio foi deputado muito tempo. E eu sei como é deputado de uma região, como ele era lá do Paraná. Acontece alguma coisa, num lugar qualquer, o sujeito liga para ele e diz ‘olha, deputado, está acontecendo isso aqui’. Aí o deputado liga para alguém e diz ‘olha, o que está acontecendo lá?’. Mas não há nada. Foi ruim divulgar [a ligação] como se fosse uma coisa criminosa”, disse Temer.

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Em 19 de fevereiro de 2016, Serraglio (na época no exercício do mandato na Câmara dos Deputados) ligou para Daniel Gonçalves Filho, então superintendente do Mapa no Paraná, para saber o que estaria acontecendo em uma unidade do frigorífico “Larissa”, localizado em Iporã. No telefonema, Serraglio diz ao superintendente regional, chamado pelo parlamentar de “grande chefe”, que “Paulo” estaria “apavorado” com uma fiscalização feita no local. “O cara que tá fiscalizando lá... apavorou o Paulo lá, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico... botô a boca...”, descreve o parlamentar, na gravação interceptada pela PF.

“Grande chefe é uma expressão. E cada um usa a expressão que acha que deve usar”, completou o presidente, na entrevista.

“Paulo” é o empresário Paulo Rogério Sposito, dono do frigorífico Larissa e alvo de um mandado de prisão preventiva na Operação Carne Fraca. Ele já foi candidato a deputado federal por São Paulo no ano de 2010. A PF também pediu a prisão preventiva de Daniel Gonçalves Filho, apontado como o comandante da organização criminosa que agiria na superintendência do Paraná. Ele estava no cargo indicado pela bancada do PMDB do Paraná, o que inclui Serraglio.

Indicação política

Questionado em seguida sobre a influência política na indicação de cargos do segundo escalão, o presidente Temer disse concordar que “pode ser ruim”. “Não é bom. Tanto não é bom que eu fiz aprovar uma lei de controle das estatais. Até a minha gestão, as indicações para as conduções das estatais eram todas de políticos. E eram até políticos”, afirmou ele.

Ao menos duas indicações recentes feitas a diretorias da Itaipu Binacional por políticos do Paraná esbarrariam na Lei das Estatais. Trata-se de Ramiro Wahrhaftig, que fez parte do diretório do PSD no Paraná até maio de 2016 e foi nomeado no último dia 14 como diretor de coordenação da Itaipu; e de Rubens de Camargo Penteado, que ocupava cargo na executiva do PPS até junho de 2016 e foi nomeado na mesma data como diretor técnico executivo da hidrelétrica.

Pela Lei das Estatais, é vedada a indicação para a diretoria de estatais “de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”.

Oficialmente, o governo federal se manifestou sobre o assunto até agora apenas por meio de nota, na qual é informado que o Executivo estaria “verificando” a situação.