Depois de receber, durante a celebração do Natal com os catadores de materiais recicláveis, a denúncia de que 142 moradores de rua foram mortos neste ano no país, por fatores diversos, mas sobretudo pela ação de grupos de extermínio e da polícia, a presidente Dilma Rousseff propôs ontem, em São Paulo, um diálogo entre os governos federal e estaduais para combater a violência nas ruas. Ela garantiu que o governo fará "tudo o que puder" para estancar a violência que classificou como "uma limpeza humana nas grandes cidades".
Durante o discurso de cerca de meia hora, Dilma reafirmou o compromisso do governo com os pobres que moram na rua. "Nós temos também todo um dever em relação à população de rua. E o primeiro deles é proteger a vida e proteger contra a violência."
Ao falar sobre a capacitação dos catadores de materiais recicláveis que será feita por meio de um convênio do programa Brasil Sem Miséria, assinado durante a celebração natalina, a presidente garantiu que isso "não é um favor do Estado brasileiro".
Lula
Depois dos oito anos de seus dois mandatos, esta foi a primeira vez que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de comparecer à celebração do Natal dos catadores. O ex-presidente está tratando de um câncer de laringe e provavelmente só deve retornar aos eventos públicos em março do próximo ano. Dilma reafirmou seu compromisso com as "populações marginalizadas", lembrando da parceria com Lula.
"Eu juro que farei o possível e o impossível para que as populações que foram marginalizadas tenham direitos, oportunidades e elevada autoestima. Quero ter com vocês a mesma parceria que tivemos com o presidente Lula. Aliás, ele manda um imenso abraço e gostaria de estar aqui. Estará no ano que vem, eu garanto a vocês", disse.
Dilma, que se comprometeu também com a luta dos catadores contra a incineração e pela reciclagem e reutilização dos materiais do lixo domiciliar, lembrou que veio ao evento duas vezes antes de assumir o cargo de presidente "de todos os brasileiros".
"Fui eleita presidente de todos os brasileiros, mas eleita presidente dos pobres deste país. Este país precisa de um presidente para a população que sofre mais as consequências da exclusão a que foram submetidas durante séculos."
Reunião
A presidente Dilma e Lula voltaram a driblar a imprensa ontem ao se reunirem sigilosamente em um hotel da zona sul da capital paulista. O encontro durou cerca de duas horas e a assessoria de imprensa do ex-presidente não revelou o teor da conversa.
Há cerca de 15 dias, Lula e Dilma já haviam driblado a imprensa, ao se encontrarem na capital paulista, em um outro hotel, também na zona sul. Na ocasião, o local também foi mantido em segredo pelas assessorias de imprensa dos petistas, por cerca de duas horas, mas um interlocutor revelou o local à imprensa. Contudo, o teor da conversação e a razão de o local ser mantido em segredo, não foram revelados.