Ausência de Serra em evento do PSDB gera desconforto
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) admitiu o incômodo do partido com a ausência do ex-governador e ex-prefeito de São Paulo José Serra no ato tucano em defesa de um novo pacto federativo, pelo fortalecimento de estados e municípios. "A unidade não pode ser total, mas progressivamente será total", disse FHC, que não mencionou sequer o nome de Serra e disse esperar que "essa pessoa citada esteja em outros atos" do partido. "O PSDB está unido", completou.
Azeredo não comparece nem é citado em ato do PSDB
Principal acusado de comandar o mensalão mineiro, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) foi uma importante ausência no ato tucano "Federação Já", que se transformou em festa pela candidatura de Aécio Neves, em Poços de Caldas, nesta segunda.
O processo investiga desvio de recursos públicos para a reeleição do tucano Azeredo em 1998. Os petistas denunciam a morosidade na apuração e no julgamento dos envolvidos.
O nome do ex-governador acusado de envolvimento no esquema não foi citado durante os vários discursos das lideranças tucanas. O presidente do PSDB, Aécio Neves, evitou falar sobre o mensalão mineiro e sobre a ausência de Azeredo. Ao ser perguntado, disse apenas que a lei vale para todos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também evitou se aprofundar sobre possíveis implicações da prisão dos mensaleiros no julgamento do esquema em Minas Gerais. "Não é questão político-partidária, é institucional", disse.
O presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, foi exaltado como candidato a presidente da República em evento do partido nesta segunda-feira (18), sem a presença do ex-governador de São Paulo José Serra, e disse que, independentemente do papel que cumprir no ano que vem, saberá com quais companheiros pode contar. Durante o encontro que teve a presença dos oito governadores tucanos, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos líderes tucanos na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Aloysio Nunes (SP) --um aliado de Serra dentro do partido--, Aécio foi colocado na posição de candidato presidencial por mais de um orador.
"Cumprirei meu papel, qualquer que seja ele, porque ao olhar para o lado, sei com quais companheiros eu conto", disse o presidente tucano durante evento na cidade mineira de Poços de Caldas, que teve como mote principal o fortalecimento da federação e a descentralização dos recursos hoje majoritariamente nas mãos da União.
Embora o senador mineiro não tenha assumido claramente a posição de candidato do PSDB à Presidência no ano que vem, ele voltou a defender o fim do atual ciclo de governo do PT e disse que conquistas do governo FHC, como a estabilidade econômica e o controle da inflação, estão sob risco.
Fernando Henrique foi mais enfático em seu discurso. O ex-presidente foi o último a falar no evento que lembrou a assinatura há 30 anos de um documento pelos então governadores de São Paulo, Franco Montoro, e de Minas, Tancredo Neves (avô de Aécio), em que defendiam a realização de eleições diretas para presidente. "Chegou o momento, Aécio, de assumir a responsabilidade", disse. "O momento é seu. Assuma a responsabilidade... Começou uma nova arrancada de esperança, e essa arrancada tem nome e apelido: Aécio Neves", disse.
O senador é apontado como provável candidato tucano à Presidência no ano que vem, mas ainda pode sofrer a concorrência interna de Serra, candidato ao Palácio do Planalto por duas vezes. Segundo a assessoria de imprensa do PSDB, Serra foi convidado para comparecer ao evento em Poços de Caldas e não informou ao partido o motivo de sua ausência, que foi comentada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"Ontem (domingo) me procurou, à noite, o Serra. Tomamos um café e ele pediu para que trouxesse aqui o seu integral apoio à bandeira do federalismo, da descentralização e à unidade do PSDB nas suas causas em defesa da população brasileira", disse o governador paulista que, em seu discurso, pediu a Aécio que viaje pelo país e escute os brasileiros.
Desde que Serra anunciou em outubro que permaneceria no PSDB, descartando a mudança de partido para o PPS, os dois líderes tucanos vinham mantendo uma relação cordial em relação um ao outro, mas esse discurso tem se tensionado nas últimas semanas.
Serra chegou a dizer num evento da Juventude do PSDB que o partido tinha uma necessidade de ser aceito pelo PT. Aécio rebateu a afirmação e, ao afirmar que cada um contribui para o partido como acha mais conveniente, disse que está falando bem do PSDB e mal do governo do PT.
Mensalão
Em entrevista coletiva antes do evento, Aécio comentou a prisão nos últimos dias de líderes petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal do mensalão e criticou a postura do presidente do PT, Rui Falcão, que disse tratar-se de um julgamento político. "Nenhum de nós, e acho que posso falar por todos os companheiros que estão aqui, comemora prisões, comemora o sofrimento de quem quer que seja, por mais radical adversário que possa ter sido ou que seja do nosso campo político", disse.
"O que posso dizer em relação a essa questão é que a decisão do Supremo Tribunal Federal vai ao encontro de uma grande expectativa da sociedade brasileira, que era a punição não de A ou B, escolhido politicamente, mas daqueles sobre os quais recaíam provas contundentes, na avaliação da suprema corte brasileira."
O presidente do PSDB também criticou a nota assinada por Falcão na sexta-feira, data da prisão do ex-presidente do PT José Genoino, do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Falcão disse na nota que o julgamento do Supremo foi "injusto, nitidamente político, e alheio a provas dos autos". "O que lamento, e me permitam uma palavra final como presidente do PSDB, é que o presidente nacional do PT tenha confundido uma decisão da suprema corte brasileira com uma ação política, querendo criar um clima no Brasil absolutamente distante daquele que era o natural", disse Aécio. "Não foi um julgamento político. Repito, o que serve para esse caso deve servir para todos os outros."
O STF ainda precisa julgar o caso que ficou conhecido como mensalão tucano e envolveu o ex-governador de Minas Gerais pelo PSDB Eduardo Azeredo.
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