RIO - Uma gravação divulgada nesta quinta-feira (26) pelo “Jornal Hoje” indica que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), orientou um suposto representante do senador cassado Delcídio Amaral (Sem partido - MS), identificado como Wanderberg, sobre como o ex-líder do governo deveria fazer sua defesa na época em que enfrentava um processo no Conselho de Ética. Na conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, do dia 24 de fevereiro, sem saber que Delcídio já era delator da Operação Lava Jato, Renan afirma que é preciso que o presidente do conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), peça diligências para não parecer que a investigação estava parada e sugere que Delcídio faça uma carta mostrando “humildade” e que já “pagou o preço pelo que fez”.
RENAN: O que que ele (Delcídio) tem que fazer... Fazer uma carta, submeter a várias pessoas, fazer uma coisa humilde... Que já pagou um preço pelo que fez, foi preso tantos dias... Família pagou... A mulher pagou...
WANDEMBERG: Ele (Delcídio) só vai entregar à comissão, fazer essa carta e vai embora.
RENAN: Conselho de ética. Falei agora com o João (João Alberto, presidente do Conselho de Ética). O João, ele fica lá ouvindo os caras... O Conselho de Ética não tem elementos para levar processo adiante. Também é ruim dizer que não vai levar o processo adiante. Então, o Conselho de Ética tem que requerer diligências requisição de peças e enquanto isso não chegar fica lá parado...
WANDEMBERG: (João Alberto) vai colocar em votação e vai ter uma derrota antecipada...
Delcídio teve seu mandato de senador cassado no último dia 10 de maio. Em nota, Renan argumentou que acelerou o processo de cassação no plenário, às vésperas da votação do impeachment.
“O desfecho do processo de cassação é conhecido, foi público e a agilização do processo foi destaque em vários jornais. Na fase do Conselho de Ética opinou com um amigo do ex-senador, mas disse que o processo não podia ficar parado, como não ficou”, pondera o presidente do Senado em nota.
Conversas polêmicas
Em outro áudio de conversa, divulgado na noite de quarta-feira pelo “Jornal da Globo”, Renan fala com Machado e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) em como acessar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava-Jato Teori Zavascki. O grupo cita o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha e o advogado Eduardo Ferrão.
Esta semana foram a publico áudios envolvendo o ex-presidente da Transpetro. Machado fez delação premiada na Lava-Jato, já homologada pelo ministro do Supremo Teori Zavascki. Numa série de depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República, ele falou sobre a arrecadação de dinheiro de origem ilegal para políticos aliados, entre eles Sarney, Renan e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR). Um áudio envolvendo Jucá, divulgado na última segunda-feira, acabou levando à saída dele do governo interino de Michel Temer. Em seguida, nesta quarta-feira, foram divulgadas novas conversas de Machado com Sarney e Renan pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Em todas, foram expostas articulações dos políticos do PMDB para barrar a Lava-Jato.
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