• Carregando...

A ofensiva do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para tentar firmar seu nome como candidato tucano à Presidência da República terá mais um capítulo nesta terça-feira: será recebido pela bancada tucana na Câmara, ou parte dela, num jantar na residência do deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), em Brasília. O encontro foi pedido pelo governador e é apontado, nos bastidores, como mais um gesto de constrangimento que Alckmin tenta impor à cúpula do PSDB, que insiste em definir, num grupo pequeno, o nome do presidenciável tucano. No jantar desta terça-feira, Alckmin vai agradecer a posição favorável à sua candidatura, manifestada pela maioria da bancada em enquete realizada pelo jornal "O Globo" em meados de janeiro. Alckmin teve 27 votos contra 17 de Serra, entre os deputados do PSDB.

Mais cedo, depois de receber apoio dos 22 deputados estaduais do PSDB no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin foi ao almoço com o comando do partido. O presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE), disse após o almoço que o partido pode até apelar para a realização de prévias no partido, desde que não haja entendimento no partido para o lançamento de uma candidatura de consenso, entre Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra. Tasso, no entanto, acha que haverá entendimento.

- Não é hora de projetos pessoais. Temos que levar em consideração as circunstâncias partidárias - disse Tasso.

Também participaram do almoço o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Os três formam o chamado "triunvirato" que vai decidir quem será o candidato do PSDB a presidente da República.

Ao final do almoço de hoje, apenas Tasso e Alckmin deram entrevistas. Aécio e Fernando Henrique deixaram o Palácio dos Bandeirantes sem falar com os jornalistas. Tasso disse que um nome de consenso deve ser anunciado na primeira quinzena de março.

A avaliação feita internamente pelos dirigentes e líderes tucanos nas últimas horas é de que Alckmin está passando dos limites e tem deixado a todos apreensivos. Incomoda muito o tom cada vez mais contundente do governador na tentativa de barrar o nome do prefeito de São Paulo, José Serra.

Nos últimos dias, Alckmin passou a ser alertado com maior ênfase sobre as conseqüências de sua ofensiva e o estrago que isso pode causar à candidatura do partido. Ontem mesmo, Alckmin foi aconselhado pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), a moderar o tom.

- Vejo a ofensiva de Alckmin com preocupação. Isso porque mais do que nunca precisamos de unidade. Não pode ser usado um tom agressivo. Essa posição não ajuda. Pelo contrário. Alckmin está adotando uma posição de confronto. Mas ele precisa muito mais do apoio partidário do que Serra. Por isso, ele precisa mudar de atitude - aconselhou Sebastião Madeira.

O anfitrião desta terça, o deputado Eduardo Gomes, também adota um tom conciliador em relação ao governador de São Paulo. Mas ressalta que é preciso buscar a unidade.

- Alckmin pode pedir votos. Mas acredito (espero) que ele use um tom moderado. Até porque a bancada vai estar unida - ressaltou Gomes.

O temor no núcleo do partido é que a partir de agora as conseqüências sejam prejudiciais para a candidatura tucana, pois muitos consideram que Alckmin foi longe demais. A constatação é de que só o fato de Alckmin tentar estimular esse novo processo de escolha, pelas bases, mostra que a situação está perto de sair do controle.

- Esse Geraldo que está aí ninguém conhece - chegou a confidenciar Fernando Henrique numa conversa com tucanos no fim de semana.

O sentimento de surpresa do ex-presidente é compartilhado com outras estrelas tucanas. Mas ninguém sabe ainda como barrar a ofensiva de Alckmin.

Ainda nesta manhã Alckmin esteve com o prefeito José Serra numa cerimônia de troca de imóveis entre o governo do estado e a Prefeitura. Os dois não falaram sobre a disputa interna para decidir quem será o candidato do partido.

Diante do impasse na escolha do candidato tucano à Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu na segunda-feira a possibilidade de Geraldo Alckmin e José Serra disputarem uma prévia, caso a cúpula do PSDB não consiga patrocinar um acordo. O ex-presidente disse que o partido, que fará convenção em junho, não tem pressa para escolher o candidato. A falta de pressa contraria a vontade do grupo de Alckmin, que pressiona pela definição depois do carnaval.

- Não tenho medo de prévia. Nenhum democrata deve ter medo de prévia. Tem que ver se é necessário ou não. Se for necessário, sim (haverá prévia). Mas não está colocada a prévia. Acho que vamos conseguir chegar a um bom resultado antes de qualquer coisa - disse Fernando Henrique.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]