São 54 deputados na Assembléia Legislativa do Paraná. Deveriam ser, portanto, 54 gabinetes. Mas não é isso que ocorre. Há mais salas do que parlamentares exercendo o mandato. Há os que estão ou estiveram licenciados e mantêm a estrutura, com funcionários trabalhando normalmente e tudo o mais a que têm direito. "Está dentro do orçamento da Casa, e os parlamentares que se licenciam por motivos de saúde ou para assumir cargos no Executivo mantêm os gabinetes. Isso é normal, assim como ocorre na Câmara Federal", disse o presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PSDB).
Cada deputado estadual tem uma verba determinada para contratação de pessoal, de R$ 30.229,78 por mês. Segundo o deputado estadual André Vargas (PT), porém, o repasse mensal para pagamentos de funcionários e gastos de gabinete chega a R$ 50 mil.
Como exemplos de parlamentares que mantiveram os gabinetes em funcionamento, mantidos com recursos da Assembléia, estão Caíto Quintana, Vanderlei Iensen e Edson Strapasson. Os três são do PMDB e exerceram cargos de secretários de estado na administração Roberto Requião, sendo, respectivamente, chefe da Casa Civil, chefe de gabinete do governador e Assuntos da Região Metropolitana.
Quem também está licenciado, mas é visto constantemente circulando pela Assembléia é o deputado Mário Sérgio Bradock (PMDB). Ele, que se licenciou por motivos de saúde (um problema na perna), só retorna oficialmente em 1.º de agosto. No lugar ficou o suplente Antônio Anibelli (PMDB), que tem um gabinete próprio. "Venho à Assembléia apenas para pegar a correspondência. Todos os meus funcionários passaram para o Anibelli", afirmou Bradock, que no dia da reportagem estava em seu gabinete, na Assembléia.
A sala que pertence a Bradock, ex-delegado, continua decorada com camuflagem, como se estivesse em um ambiente militar de guerra. "O titular sou eu e vou voltar", avisa. No entanto, ao telefonar para a Assembléia e pedir o endereço dos gabinetes de Bradock e Anibelli, as funcionárias dão locais diferentes. O do primeiro é a sala 105, no primeiro andar. E o do segundo é o 407, no quarto andar. Ou seja, ambos mantêm gabinetes na Casa.
Mas além da manutenção dos funcionários, pagos pelo Legislativo, outro fator que faz com que os deputados queiram tanto permanecer com os gabinetes e brigar pelos maiores e melhores é o status que o espaço proporciona junto a correligionários.
Segundo Caíto Quintana, que possui um dos maiores gabinetes da Casa, a escolha e manutenção das salas ocorrem de acordo com ao tempo de mandato de cada deputado. Ele, por exemplo, tem seis mandatos, ou seja, está na Assembléia desde 1982. "No início do mandato há um sorteio e o parlamentar que se reelege fica no que estava. Assim, fica mais fácil de o pessoal que vem do interior saber onde tem de ir", disse.
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