Com depoimentos inéditos, documentos oficiais e transcrições de conversas interceptadas legalmente, o jornalista Rubens Valente refez os passos do empresário Daniel Dantas. O livro "Operação Banqueiro" (Geração Editoral), que chega hoje às livrarias, retrata um homem inteligente, audacioso e vingativo.

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Em 449 páginas, Valente, repórter do jornal "Folha de S. Paulo", conta como o economista brilhante deixou a vida de luxo que o esperava em Salvador para se apresentar ao mundo dos negócios como o maestro da rede empresarial no centro das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Além de poder e dinheiro, ele acumulou inimigos e acusações federais, da evasão de divisas à corrupção, hoje anuladas por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele também esteve no centro de um escândalo de espionagem.

O autor apresenta ainda trocas de e-mails, em 2002, que sugerem uma ação de Dantas e do lobista Roberto Amaral com o objetivo de pressionar a cúpula tucana, inclusive FH e o ex-ministro da Saúde José Serra, para "tentar matar a investigação no nascedouro". A dupla, sustenta o autor, queria impedir a remessa ao Brasil de dados sobre beneficiários de depósitos feitos a partir de conta nas Ilhas Cayman ligada a Dantas. Serra nega ter sido alvo de pressão. FH, entrevistado no livro, também disse que não tomou conhecimento da ação.

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Valente ainda busca reescrever a história da Operação Satiagraha, da PF, conduzida em 2008 pelo delegado Protógenes Queiroz, e que levou Dantas à prisão por duas vezes, em julho daquele ano, sob a acusação de suborno. O ministro Gilmar Mendes, então presidente do STF e que concedeu os dois habeas corpus que livraram o empresário da cadeia, surge no enredo como um homem que tentou desmoralizar a Satiagraha e que teria laços com pessoas do círculo de contatos de Dantas. Por isso, sugere o autor, deveria se considerar inapto para julgar seus pedidos de liberdade. "São improcedentes essas alegações. Protógenes, hoje, responde aqui no STF por corrupção! Não conheço Daniel Dantas. Nunca estive com ele. A minha posição foi reafirmada no plenário por nove votos a um", afirmou Gilmar Mendes.

O autor também mostra a conturbada relação de Dantas com o PT, seu envolvimento com o advogado Luiz Eduardo Greenhagh e, segundo o autor, uma conexão secreta com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que nega tal relacionamento.

O Opportunity se pronunciou, por nota: "O livro da Editora Geração, aparentemente, foi feito para proteger os que orquestraram operações policiais contra Opportunity. Hoje, eles são acusados de fraudes e corrupção".