Brasília - Após um primeiro semestre preso à agenda (negativa e positiva) do governo federal, o Congresso retoma os trabalhos nesta semana tentando emplacar a votação de temas próprios mas em meio a uma enxurrada de novas denúncias que atingem o Planalto e que podem paralisar a agenda do Parlamento.
A oposição já anunciou que vai insistir na tática de "guerrilha" em relação aos escândalos do governo, principalmente em relação à crise no Ministério dos Transportes. Mas também investir em outras suspeitas, como a da Agência Nacional de Petróleo (ANP), atingida por acusações de corrupção que envolvem o PCdoB. As novas denúncias envolvendo os ministérios das Cidades e da Agricultura também devem municiar os oposicionistas.
Líder do PPS, o paranaense Rubens Bueno protocola amanhã requerimentos de convocação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. Também vai pedir que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue as denúncias na Agricultura (leia mais na página à direita).
"Vamos seguir nessa linha de fiscalização, mas também vamos apoiar a discussão de bons projetos para o país. Não somos adeptos do quanto pior, melhor", diz Bueno. No Senado, a aposta dos oposicionistas será a tentativa de criar a CPI dos Transportes o pedido de abertura já conta com 23 das 27 assinaturas necessárias.
O vice-líder do governo na Câmara, Alex Canziani (PTB-PR), não acredita na hipótese de CPI e diz que a crise nos Transportes "arrefeceu". Segundo ele, na última reunião do colégio de líderes antes do recesso, ficou claro o interesse em partir para uma agenda própria do Congresso.
As prioridades da pauta própria do Congresso, porém, encontra resistência do próprio Planalto, que teme derrotas e o aumento de gastos diante de uma base insatisfeita com a "faxina" que a presidente Dilma Rousseff vem fazendo na Esplanada e da resistência dela em liberar a verba das emendas parlamentares.
Uma das promessas do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), é votar ainda em agosto a regulamentação da Emenda 29, que fixa os porcentuais mínimos de investimento anual em saúde da União, estados e municípios com potencial aumento de gastos para o governo.
Outra prioridade seria a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata da criação de um piso salarial nacional para policiais. A PEC 300, porém, sofre resistências no governo porque também traria aumento de gastos.
No Senado, a prioridade é o novo Código Florestal. O texto aprovado pela Câmara desagradou o governo porque supostamente tem brechas demais para desmatadores. Qualquer mudança no Senado geraria uma negociação desgastante e a possibilidade de novas trombadas com a bancada ruralista.
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