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Publicidade de programa habitacional custa R$ 150 milhões | Roosevelt Pinhero/ABr
Publicidade de programa habitacional custa R$ 150 milhões| Foto: Roosevelt Pinhero/ABr

Estratégia

"É uma tentativa de manter a confiança", diz analista

O cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), diz que a crise ameaça a confiança nos governos, e por isso há uma preocupação em dar mais publicidade às ações públicas. Isso ficou claro nas últimas pesquisas de opinião, indicando queda de dez pontos na popularidade do presidente Lula. "O governo está tentando resolver a crise de confiança com publicidade. Maquiavel já dizia que governar é fazer ver. Não basta fazer, tem que mostrar. E o governo tenta mostrar que o Brasil não está imobilizado com a crise, que as coisas estão acontecendo", observa.

Atualmente, uma das campanhas mais importantes do Planalto é do programa "Minha Casa, Minha Vida", recém-lançado pelo presidente Lula. As propagandas do projeto – que custaram ao todo R$ 150 milhões – devem ficar no ar até o fim do mês em rede nacional. Isso gerou protestos da oposição, que acusa o governo de divulgar um programa que praticamente não saiu do papel. "É uma campanha de esclarecimento para mostrar como o programa funciona", afirma o subchefe-executivo da secretaria de Comunicação, Ottoni Fernandes Júnior.

Em plena crise econômica, as despesas da Presidência da República com publicidade cresceram 25% no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2008. Enquanto o setor privado apertou o cinto para fazer frente ao abalo global da economia, o governo seguiu na direção inversa, elevando despesas em geral e os gastos com propaganda. Até março, esses gastos já chegavam a R$ 37,1 milhões, contra R$ 29,7 milhões registrados nos três primeiros meses de 2008.

No cálculo estão computados os pagamentos feitos do Orçamento do ano e os chamados restos a pagar – despesas de exercícios anteriores pagas em 2009. A maior parte das despesas se refere a publicidade institucional – R$ 26,649 milhões em 2009 – para divulgar ações do governo. O restante foi gasto com publicidade de utilidade pública, como campanhas de trânsito e de vacinação.

O Orçamento de 2009 destina R$ 171 milhões para a Presidência gastar com publicidade, sendo R$ 139 milhões para as campanhas institucionais e R$ 32 milhões para peças de utilidade pública. O valor é 10% maior em relação à dotação de 2008, de R$ 155,2 milhões.

O governo atribui este aumento à crise. O subchefe-executivo da Secretaria de Comunicação Social, Ottoni Fernandes Júnior, disse que a pasta optou por começar mais cedo as campanhas institucionais para informar à sociedade as ações que o governo adota para enfrentar e combater a crise – as chamadas medidas anticíclicas. "A grande massa não lê jornal. Fizemos ações de assessoria de imprensa, mas depois percebemos a necessidade de reforçar a comunicação com as campanhas", afirmou.

Mais contratos

A execução do orçamento de publicidade mostra que as despesas empenhadas (contratadas) também cresceram substancialmente no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2008. O empenho é o primeiro passo para a execução de uma despesa do orçamento.

O crescimento no montante desses recursos mostra que o ritmo de gastos com publicidade neste ano está muito mais veloz do que em 2008. Até março, as despesas empenhadas chegavam a R$ 45,5 milhões, 147% acima do mesmo período de 2008 (R$ 18,4 milhões).

"Sempre concentrávamos os gastos a partir de abril, reforçando as campanhas no segundo semestre, mas este ano exigiu mais publicidade por causa da crise", explicou Fernandes Júnior. Segundo ele, a publicidade institucional tem fins de utilidade pública, informando a população sobre impostos e linhas de crédito, por exemplo.

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