Um dia depois do início de uma nova greve dos professores e de ter o nome presente na “segunda lista de Janot”, o governador Beto Richa (PSDB) decidiu trocar o comando da Comunicação do Palácio Iguaçu pela quarta vez no atual mandato. No cargo há menos de um ano, Márcio Villela foi demitido do posto de secretário por ser um “estranho no ninho” e “não ter sintonia” com o time que acompanha o tucano há anos. O lugar será ocupado pelo chefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo, que vai acumular as duas funções.
Empresário do setor de radiodifusão, Villela, segundo um deputado governista, não se enturmou com a tríade principal de Richa: o próprio Deonilson, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, e o assessor de imprensa do tucano, Anselmo Meyer. Outro parlamentar afirmou que o grupo não absorveu como se imaginava a entrada do agora ex-secretário no Executivo. “Ele foi engolido por essa turma, que passou a boicotá-lo. Não havia mais condições de trabalho para ele”, contou um aliado com trânsito no gabinete da governadoria.
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Apesar de ser considerado um profissional dedicado e trabalhador, Villela não vinha satisfazendo o governador, sobretudo nas propagandas veiculadas pelo estado. Além disso, de acordo com um deputado aliado, o tucano segue “apanhando muito da mídia”. “Para mexer com a imprensa, não basta ser correto, ser tecnicamente bom. Tem que ser meio feiticeiro. E o Deonilson é do ramo, conhece bem.”
A troca na Comunicação estava decidida desde dezembro, mas vinha sendo adiada por Richa. Aparentemente, a mudança pode parecer que tem relação direta com as más notícias para o tucano nesta quarta-feira (15). O anúncio no dia seguinte, porém, foi justamente a forma encontrada para tentar desviar o foco das polêmicas, revelou um parlamentar.
Outra troca
Secretário Especial para Assuntos Estratégicos, o ex-senador e ex-vice-governador Flávio Arns (PSDB) deve deixar a pasta nos próximos dias. O lugar será ocupado por Edgar Bueno (PDT), ex-prefeito de Cascavel. Outra troca deve ocorrer na Secretaria da Administração, que é comandada por Marcia Ribeiro. Procuradora do Estado, ela deve ser substituída por um nome do cenário político.
Primeiro-ministro
Deonilson – ou Déo, como é chamado dentro do governo – acompanha Richa desde a prefeitura de Curitiba, quando também foi secretário de Comunicação e chefe de gabinete. Braço direito do tucano, ele costuma ser o primeiro a chegar e o último a deixar o Palácio Iguaçu. Considerado uma espécie de primeiro-ministro, Deonilson é o gestor do dia a dia, enquanto Richa é o político, o garoto-propaganda.
Na nova função, ele terá uma missão especial: jogar junto com a Comunicação da prefeitura de Curitiba. Na administração da capital, o setor é comandado por Marcelo Cattani, que, após acompanhar Richa por anos, deixou o governo em fevereiro de 2015 por não concordar com o tratamento dado à prisão de Luiz Abi à época.
A sintonia entre prefeitura e governo é importantíssima para as pretensões de Richa de se eleger senador no ano que vem. Apesar de os aliados do Palácio afirmarem que o tucano vem reconquistando popularidade em sondagens internas, o último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, de dezembro do ano passado, apontou que 71,4% dos curitibanos – principal eleitorado de Richa − desaprovavam a administração estadual.