O depoimento de Lula à Polícia Federal fez algo que parecia improvável havia algum tempo: unir o PT.
“Pela primeira vez dentro da crise, o partido fala uma só voz”, afirma Maria Aparecida de Aquino, professora do Departamento de História da USP, especialista em crises políticas no Brasil. “Desde o mensalão, havia momentos de desunião. Agora, esse ‘ataque’ direto é um tremor de terra, e gera uma união.”
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Para Maria do Socorro Souza Braga, cientista política e professora da Ufscar, a militância do PT não é mais a mesma dos anos 1980, “principalmente antes da eleição de 1989.”
Mas ela considera o partido ainda bem distribuído em todo o Brasil, com várias lideranças regionais, estruturado em cidades pequenas.
“Está cada vez mais rachado, dividido, há consequências [das acusações contra Lula] dentro do partido, mas não vejo ainda como o fim. Seria enganoso decretar isso já”, afirma a professora.
De acordo com ela, os próximos desdobramentos das investigações serão importantes para a militância. “O eleitorado está cada vez mais crítico e preocupado com os fatos.”
“Partido em desencanto”
‘Do PT das Lutas Sociais ao PT do Poder’, do sociólogo José de Souza Martins, lançado neste sábado (05), é uma espécia de autópsia do Partido dos Trabalhadores no poder – desde a utopia até a pragmática realidade.
Lula depôs na Polícia Federal. E agora, o que vai acontecer?
Leia a matéria completaO livro critica o fato de que a ascensão material do brasileiro – tão comemorada pelo governo petista – não foi acompanhada por uma igual ascensão educacional, cultural, intelectual e de costumes democráticos.
Em um de seus ensaios, publicado em 2007 e reunido agora no livro, Martins profetiza que o petismo foi engolido pelo lulismo e que a médio prazo isso faria com que o PT perdesse sua identidade de partido de esquerda e passasse a ser um partido populista.
Essencial para entender os problemas enfrentados pelo partido, o livro expõe as diferenças de tratamento dos presidiários na Papuda: os condenados comuns e os políticos do PT. E não deixa de criticar o que chama de sequestro da vontade política do povo pelos partidos, evidenciado pela quebra de promessas de campanha.
“O eleitorado vai às urnas consciente de que programas de governos são programas para ter poder. Não há projeto de nação.”
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