BRASÍLIA (Folhapress) Na véspera do vencimento do prazo para o fim do troca-troca de políticos entre partidos, o PT recuperou ontem o status de maior bancada da Câmara, com 83 integrantes, superando o PMDB, que liderou por apenas uma semana e que perdeu nove deputados, ficando com 79 parlamentares.
O quadro, entretanto, ainda deverá sofrer alterações. Até a noite de ontem, alguns deputados permaneciam sem legenda, negociando filiações de última hora. Hoje encerra-se o prazo para que os políticos se filiem aos partidos pelos quais pretendem disputar as eleições do ano que vem.
Na esteira da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, o PT elegeu 91 deputados e manteve a maior bancada da Câmara até a semana passada, quando foi superado brevemente pelo PMDB.
No total, sete deputados deixaram a sigla nas últimas semanas, a maioria motivada pelo desgaste da crise política. Cinco deles foram para o PSOL, partido de extrema esquerda criado por quadros expulsos do PT, e dois para o PDT, entre eles Miro Teixeira (RJ), ex-líder do governo na Câmara e ex-ministro das Comunicações.
"A maioria das perdas que tivemos já era previsível. A bancada agora vai se reunificar para continuar sendo o principal pilar de apoio ao governo", afirmou o líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS).
Outra importante baixa petista foi o senador Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal, que chegou a chefiar o Ministério da Educação no primeiro ano do governo Lula.
No caso do PMDB, que na semana passada tinha 88 deputados, mesmo com a saída de 9, o partido tem hoje uma bancada superior à da eleição, quando fez 75 deputados.
A maioria dos peemedebistas que se desfiliaram nos últimos dias é do Rio de Janeiro, como José Divino e Vieira Reis, que foram para o recém-criado PMR, ligado à Igreja Universal, e Josias Quintal, que entrou no PSB. O último chegou a ser secretário de Segurança Pública na gestão de Anthony Garotinho.
Os peemedebistas descontentes argumentaram estar sem espaço na sigla devido a divergências com Garotinho, que almeja concorrer à Presidência da República nas eleições do próximo ano.
"Fiquei sem espaço no partido e fui vítima de perseguição odiosa do grupo do Garotinho. Ameaçaram não me dar legenda no ano que vem porque não sigo cegamente suas ordens", disse Divino.
Em contrapartida às baixas, o PMDB conseguiu filiações importantes, como as do ex-ministro Delfim Netto (SP) e os governadores Paulo Hartung (ES) e Eduardo Braga (AM).
O partido que mais engordou nas últimas semanas foi o PSB, fiel aliado do governo, que fecharia a temporada de migrações com 29 deputados.
A sigla elegeu 22, mas sofreu esvaziamento, justamente pela ação de Garotinho, e chegou a 16. Só nos últimos dias, angariou 10 parlamentares.
O PSB, que chefia o Ministério de Ciência e Tecnologia, ganhou também a adesão da senadora Patrícia Saboya (CE, ex-PPS), e do governador do Maranhão, José Reinaldo (ex-PTB).
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