Em noite de forró, uísque e Gretchen, Frank Aguiar empolga deputados

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O quórum de parlamentares no salão do Marina Hall, na noite desta quarta-feira, durante show do deputado cantor Frank Aguiar (PTB-SP), era maior do que o do plenário da Câmara em alguns dias de votação. Com seu corpo de bailarinos em trajes sumários e coreografias ousadas, Aguiar - chamado de "cãozinho dos teclados" pelos uivos estridentes que emite a todo momento - se sentia o próprio presidente da Câmara. Com piadas prontas sobre o grande número de deputados e autoridades presentes, a certa altura anunciou que concederia um aparte a Arlindo Chinaglia (PT-SP), acomodado numa mesa logo abaixo do palco. Aliás, depois do forrozeiro, o ranzinza Chinaglia foi a estrela da noite.

Logo que chegou, o petista foi direto ao camarim do astro deputado. Ainda durão, admitiu que só atendera ao convite para prestigiar o deputado, não o cantor. Disse que nunca vira suas performances e que a última vez que fora a um show foi há 40 anos. Para descontrair, Aguiar soltou a piada:

— Aqui eu sou o presidente. Daqui a pouco eu lhe concedo um aparte.

— Mas eu não pedi — respondeu Chinaglia sem achar nenhuma graça.

— Toma uma uisquezinho aí — tentou o anfitrião, entregando a Chinaglia um copo bem servido de Grants.

O presidente da Câmara não tomou só um. Tomou vários. E não demorou a ficar à vontade. Na mesa, cercado por amigos como o assessor da Casa Civil Swedemberger Barbosa, Chinaglia ficou ao lado da deputada musa Manuela D´Ávila (PCdoB-RS). Gostou da proximidade com a bonitona, com quem travou um longo e descontraído bate papo.

Mas o sossego de Chinaglia acabou quando foi descoberto pelo mais famoso cabeleireiro de Brasília, Carlinhos Beauty, habitué de bailes e concursos de fantasias no eixo Rio/São Paulo — o último deles vencido com a fantasia "Faisão Dourado".

— Vou lá me oferecer para cuidar do visual dele. Se ele brigar comigo vai ser uma bagaceira — disse Carlinhos, já chegando perto, entregando seu cartão e alisando os fios grisalhos de Chinaglia.

Quando todos achavam que o deputado ia perder as estribeiras, reagiu todo sorridente quando perguntado se pintaria os cabelos.

— Vou pintar de vermelho - disse.

— Não. Vou fazer uma balaiage ao contrário e escurecer primeiro 30% dos brancos para não assustar. Depois, lightmente, escureço mais 20%. Vai ficar glamouroso! As pessoas vão parar de chamá-lo de tio ou de vovô — sugeriu Carlinhos.

A todo momento o cabeleireiro abordava Chinaglia. Quando disseram ao petista que Carlinhos estava encantado com o presidente da Câmara, ele gritou:

— Nem vem, nem vem!

Carlinhos também se interessou em fazer uma transformação no líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE). Disse que faria uma "pomation" — aplicação de pomada — em seus cabelos para lhe dar um ar jovial, estilo Diego Alemão, o vencedor do Big Brother Brasil 7.

No palco, com uísque rolando solto na platéia, o deputado forrozeiro aprontou todas e até ameaçou tirar a roupa por causa do calor. A eterna raínha do bumbum, Gretchen, estava na mesa a alguns passos de Chinaglia, mas o petista e José Múcio tomaram cuidado para não serem fotografados ao seu lado.

O deputado Silvio Costa (PMN-PE) estava empolgadíssimo:

— Ê, Zé Múcio, você não pode dançar porque é líder, mas eu posso, eu sou baixo clero! — gritou, carregando Gretchen para apresentar ao deputado Armando Monteiro (PTB-PE).

O momento que mais prendeu a atenção de Chinaglia foi uma performance em que uma bailarina loira rebolou no palco ao som da música "a loira não é burra, só tem preguiça de pensar". Boquiaberto, o presidente da Câmara chegou a colocar os óculos para admirar melhor. Ao final, Frank Aguiar, para delírio da ala masculina, disse que na semana passada a loirinha tinha feito 19 anos e jurava que ainda era virgem.

— Imaginem o segredo dessa lorinha. Semana passada ela fez 19 aninhos e comemoramos. Ela jura que é virgem. Eu acredito — disse Aguiar no microfone.

Quase no encerramento, bailarinos insinuaram um streap-tease.

— Esses meninos vão tirar a roupa, o povo tá ficando entusiasmado eu vou-me embora — disse José Múcio, que, por medo de ser inadequado, recusou o convite para subir ao palco e dividir uma música romântica com o deputado cantor.