O advogado Eduardo Ferrão, responsável pela defesa do Fernando Sarney, divulgou nota nesta quarta-feira (22) classificando como "conduta criminosa" o vazamento das gravações do inquérito da Operação Boi Barrica, que tramita sob segredo de justiça.
Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta quarta revela diálogos gravados pela Polícia Federal que evidenciariam a prática de nepotismo pela família Sarney no Senado e ligariam o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) ao ex-diretor-geral Agaciel Maia e aos atos secretos.
"O Inquérito, do qual foram retirados os diálogos divulgados pela imprensa, tramita sob segredo de justiça por força de lei, cuja inobservância, esta sim, constitui conduta criminosa", afirma Ferrão na nota.
O advogado argumenta que a "propagação (dos diálogos), por meio da internet e outros órgãos de imprensa, constitui flagrante e inaceitável atentado a garantias estampadas na Constituição Federal".
Ferrão também afirma que as gravações reveladas pelo jornal é uma "divulgação mutilada" de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares, as quais não revelam a prática de qualquer ato ilícito, argumenta o advogado.
O defensor afirma que Fernando Sarney vai adotar medidas para cobrar a punição dos responsáveis pelo vazamento das gravações e conclui: "A defesa dos ofendidos reitera, por fim, sua confiança na serenidade e discernimento das instituições do País em relação à matéria."
Em um dos diálogos, o empresário Fernando Sarney, filho do senador, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.
A reportagem informa que em outra conversa, Fernando Sarney conversa com o filho João Fernando sobre o emprego dele como funcionário do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto, segundo a publicação.
Investigação
No último dia 15, Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal do Maranhão pelos crimes de formação de quadrilha, instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
O empresário é apontado nas investigações como chefe de um grupo acusado de ter forte influência política e, com isso, conseguir direcionar licitações e também desviar dinheiro. Em depoimento, ele negou todas as acusações.
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