Na véspera da votação de sua cassação, o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) fez um apelo emocionado para que os colegas não decretem a perda do seu mandato. Da tribuna do Senado, Demóstenes disse que chega à véspera da votação com a "cabeça erguida" depois de enfrentar um "massacre", mas ciente de que a Casa poderá "sacrificar um inocente".
"Sou a vítima da vez, e isso me custou a paz e a tranquilidade. Se eu tivesse culpa, talvez fosse mais simples suportar, mas a dor se amplia devido à certeza de que está sendo sacrificado um inocente", afirmou.
Em discurso em que apela para o lado emocional dos senadores, Demóstenes disse que conseguiu sobreviver a 132 dias de denúncias com lágrimas, dor, sem sono e sem saúde. Ele afirmou que seus acusadores usaram uma "biblioteca de infâmias" para "destruir um homem".
"Cheguei até aqui, vivo após 132 dias de massacre, num bombardeio sem precedentes. Cento e trinta e dois intermináveis dias sofrendo o tempo inteiro as mais horrendas ofensas, sendo chamado pelos nomes mais ferozes, sentindo na pele a campanha incessante de injúrias, calúnias e difamação."
Também afirmou que ficou semanas "olhando para o vazio, fitando o infinito", com vergonha de encarar os amigos "não por ter feito algo reprovável, mas por me sentir pequeno diante da onda de perseguição".
"Diminuído, acuado, sem poder de reação, vendo, ouvindo e lendo impropérios."No sétimo discurso seguido em sua defesa no plenário do Senado, Demóstenes lembrou sua família e fez um histórico de sua vida pessoal. Disse que viveu um constrangimento pessoal para encarar filhos e netos em meio às acusações de que usou o mandato para beneficiar o empresário Carlos Cachoeira.
"Encarar os filhos, sabendo que eles leram na internet as mais horrendas infâmias a meu respeito. Ter de explicar para a neta de cinco anos que a tristeza de seu avô é fruto de algo que ela só vai entender quando crescer. E meu constrangimento ao circular entre os senadores sem ter ainda podido explicar a cada um, a cada uma, que não mereço esse infortúnio, pois sou inocente."
O ex-líder do DEM reiterou que é vítima de escutas telefônicas ilegais, realizadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, e pediu que os colegas votem pela sua absolvição cientes de que um "inocente será punido".O senador voltou a afirmar que não mentiu da tribuna quando disse que só mantém relação de amizade com Cachoeira e nenhuma das "denúncias absurdas" que o ligam aos negócios ilegais do empresário foram comprovadas.
"Os diálogos usados para me enxovalhar foram colhidos de forma ilegal, montados para me imputar ilícitos e vazados criminosamente. Sempre usei republicanamente os mandatos confiados a mim pelo povo de Goiás e não cometi qualquer irregularidade, nenhum crime, nenhuma contravenção."Mais uma vez, Demóstenes optou por discursar no início da sessão do plenário do Senado, esvaziado com poucos parlamentares.
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