O juiz federal Sergio Moro criticou, em palestra nesta terça-feira (25), a “indignação seletiva” de determinados partidos e políticos às ações da Operação Lava Jato, que investiga atos de corrupção em órgãos públicos.
Responsável pelos processos da operação, o magistrado comentava sobre o “perigoso fundamentalismo político e jurídico” que existe no país, que impede as pessoas de considerarem argumentos contrários a si próprias.
“Eu não tenho essa perspectiva. Se alguém cometeu um crime, tem que ser responsabilizado, independentemente de partido”, afirmou Moro, em conferência a advogados durante o Congresso Paranaense de Direito Administrativo.
Como em outras ocasiões, Moro evitou falar especificamente sobre a Lava Jato. Em vez disso, resgatou o histórico da Operação Mãos Limpas, que combateu a corrupção na Itália na década de 1990, e fez uma crítica à morosidade do sistema de Justiça brasileiro.
O juiz defende um projeto de lei que estabelece a prisão de um condenado logo após a decisão em segunda instância, sem aguardar recursos.
Para ele, é preciso evitar que a condenação de criminosos prescreva ainda durante a tramitação das ações penais, como já ocorreu no caso Banestado (também julgado pelo próprio Moro, em 2004). Ele teme que a Lava Jato acabe no mesmo caminho “mas eu espero que não”, disse.
Moro comparou a atual Justiça brasileira a “um avião belíssimo, mas que não voa”.
“Se continuarmos com esse sistema, nosso avião não vai voar, mesmo. A Justiça está aí para servir as pessoas. Para que o inocente seja absolvido e o culpado, punido.”
Moro saiu sem dar declarações à imprensa. Assim como em outros eventos públicos a que compareceu, porém, tirou fotos com pessoas da plateia e recebeu cumprimentos.
No final, foi homenageado pelo Instituto Paranaense de Direito Administrativo, que organiza o evento, pelo “destemor, competência e eficiência” em seu trabalho de magistrado.
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