Gleisi é chamada de "governadora"
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) foi chamada de "governadora" em três oportunidades durante os discursos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gleisi é cotada como pré-canditada ao governo do Paraná em 2014 depois de ter sido eleita senadora em 2010 pelo estado.
Todas as vezes que um deles citava Gleisi a plateia, formada por cerca de 1,5 mil pessoas filiadas ao PT, entoava a ovação. "É vocês que estão dizendo", esquivou-se Lula durante o discurso para não ferir a Lei Eleitoral, que proíbe pedir votos para alguém antes do período de eleição.
A presidente Dilma Rousseff, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a política econômica do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) na noite desta quinta-feira (13) em Pinhais, cidade da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Os dois participaram do seminário "O Decênio que Mudou o Brasil", no Expotrade, para comemorar os dez anos do partido na Presidência da República. Durante o discurso, a presidente classificou a crise econômica mundial de "grave e persistente". A análise é diferente do que o próprio Lula havia dito, chamando a desacelareção da economia global de "marolinha".
"O meu governo coincidiu com uma crise econômica, uma crise grave, uma crise persistente. O Brasil, nesse cenário de crise, não se acovardou. Nós decidimos enfrentar", ressatou Dilma ao destacar as medidas tomadas para combater a recessão: incentivo ao consumo e aos investimentos. "Nós achamos que não há, absolutamente, oposição entre consumo e investimento. Nós temos que fazer as duas coisas. Por isso, o Brasil vem apresentando um cenário muito diferente das nações em crise."
Ainda sobre a economia, Dilma afirmou que o Brasil tem uma das menores dívidas líquidas, se comparada ao Produto Interno Bruto (PIB) e reafirmou o compromisso de controle da inflação. "Não vamos deixar a inflação ficar fora de controle, que apostar nisso vai perder feio", disse. Dilma Rousseff e Lula chegaram ao seminário por volta das 20 horas e foram recebidos com entusiasmo pelo público formado por cerca de 1,5 mil militantes do partido. Dilma lembrou que foi chamada de "poste" na última eleição presidencial e de uma mulher nascida na esquerda iria radicalizar. "O Brasil respira liberdade e as instituições se fortaleceram." A presidente criticou a oposição, que ela chamou de alarmista.
No palco, ficou visível a diferença de popularidade entre Lula e Dilma. Enquanto ele foi fortemente aplaudido pela plateia e caminhou pela área do palanque enquanto discursava, ela preferiu usar o púlpito. Parte do público começou a ir embora logo após o discurso de Lula e não esperou para ouvir a presidente.
O ex-presidente afirmou que o atual momento do PT é de construir solidez para a base do partido visando as próximas eleições. "A sociedade não é petista, é heterogênea. Temos que catar aqueles que não estão do nosso lado", afirmou o ex-presidente. Ele citou a trajetória de vida, a militãncia no partido e o sindicalismo. Lula ainda foi gentil com a atual presidente. "Eu conheci a Dilma há oito anos e sei da lealdade, sei do compromisso que ela tem com esse país". Com relação a possíveis desentendimentos com a presidente, Lula relatou ao público que não há hipótese de haver divergências entre ele e Dilma. "Se um dia a gente divergir, ela vai estar certa e eu vou estar errado", brincou o ex-presidente.
O ex-presidente declarou ainda que o Brasil é um dos países do mundo que mais investe em infraestrutura. "Poucos países do mundo, talvez só a China, têm investido em infraestrutura como o Brasil". O ex-presidente citou os programas de licitações de portos e aeroportos lançados recentemente pela sua sucessora e os investimentos previstos pela Petrobras no pré-sal. Para a plateia de petistas, Lula declarou que "nenhum país do mundo tem uma perspectiva de futuro como o Brasil". Para ele, nenhuma nação está gerando a quantidade de empregos que o Brasil vem gerando. "Eu jamais imaginei estar vivo para vivenciar o Brasil com uma taxa de desemprego de 5,5% ao ano."
Lula alfineta oposição
O ex-presidente aproveitou a ocasião para criticar a oposição, que, segundo ele, está enfraquecida e reclama da inflação sem razão. "Hoje (a inflação) é 5,8% ao ano. A 'deles' chegou em 70% ao mês. Quando eu ganhei a Presidência era 14%", afirmou. O patamar de até 80% ao mês de inflação foi atingido durante o governo Collor, que atualmente é senador e aliado da presidente Dilma. No discurso, Lula disse discordar da avaliação da oposição sobre a economia. "Eu gostaria de saber, qual é a preocupação e a desconfiança que eles têm da economia brasileira? Qual é o problema que eles têm?", provocou.
Lula também criticou as agências de classificação de risco, dizendo que parecem avaliar "risco de especulação". "Nós temos gente no governo que tem competência para tomar as decisões corretas", afirmou. Ele ainda citou o recém-lançado Programa Minha Casa Melhor, que prevê financiamento para móveis e eletrodomésticos, afirmando que não entende a preocupação dos adversários. "Quem incomoda eles? Será que é financiar geladeira móvel, fogão? O que eles querem?", indagou.
Evento
Participam da mesa do evento o ministro das Comunicações Paulo Bernardo; o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias; o conselheiro de Itaipu Orlando Pessuti; líder do MST, Roberto Baggio; a deputada estadual Luciana Rafagnin; o prefeito de Pinhais, Luizão Goularte; o diretor da Itaipu, Jorge Samek; o deputado federal André Vargas; o presidente do PT no Paraná, Enio Verri; além de Lula e Dilma Rousseff.
De acordo com informações da assessoria do PT do Paraná, o tema Ciência e Tecnologia foi debatido com representantes da Fundação Perseu Abramo, ligada a legenda.
O evento também contou com a participação de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e de Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo.
Seminário em Curitiba
A capital paranaense é a quinta cidade a receber o seminário, que passou por São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte e Porto Alegre. Ao todo, serão 10 eventos realizados em todas as regiões do país. Os próximos locais a receber o evento não foram confirmadas pela assessoria do partido.
Fotos do seminário do PT