A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou que a hipótese de novas eleições não deve ser “descartada em hipótese alguma” e que, antes disso, é necessária a recomposição da “normalidade democrática” no país com o fim do processo de impeachment contra ela.
Em entrevista à jornalista Mariana Godoy, da Rede TV, exibida nesta sexta-feira (11), Dilma reafirmou que o processo de impeachment é um “golpe” e que foi usado por um “desvio de poder”.
Segundo ela, esse “desvio de poder” está confirmado principalmente na divulgação da conversa do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o então ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), que sugeriu uma “mudança” no governo federal para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato.
“Nós estamos lutando para que [as gravações recentes] sejam incluídas na defesa do impeachment porque elas constituem claras provas do que nós falamos, do desvio de poder e desvio de finalidade, primeiro na aceitação do processo de impeachment pelo senhor Eduardo Cunha” disse Dilma.
Em relação a Cunha, Dilma disse também que o presidente da Câmara afastado é “de direita, conservador e sem princípios éticos”.
Durante a entrevista, a presidente afastada voltou a negar que tinha conhecimento de irregularidades e pagamentos de propinas na compra da refinaria Pasadena pela Petrobras, nos Estados Unidos, em 2006. Na época, Dilma era presidente da estatal.
Dilma criticou as acusações do ex-diretor da Petrobras Néstor Cerveró que, em depoimento à Lava Jato, afirmou que “ela sabia de tudo”
“Ele prova? Não. Eu nunca tive amigo da qualidade do senhor Nestor Cerveró”, afirmou Dilma.
Segundo Dilma, seu maior erro no governo foi ter feito “aliança com quem não devia”. Para reverter o processo de impeachment no Senado, ela disse estar tranquila, e que irá dialogar e continuar lutando.