Oposição perde uma assinatura e CPI no Senado se inviabiliza
A oposição chegou a anunciar ontem que havia conseguido as 27 assinaturas necessárias para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado com o objetivo de investigar acusações de corrupção no Ministério dos Transportes. Ainda na noite de ontem, porém, o senador João Durval (PDT-BA) retirou sua assinatura, inviabilizando, pelo menos por enquanto, a investigação. Dez senadores de partidos aliados do governo Dilma Rousseff haviam assinado o pedido mesmo após sucessivas manobras do Planalto para impedir a criação da comissão.
PP cobra do Planalto defesa do ministro das Cidades
Além da crise com o PR, ontem o Planalto também foi duramente cobrado pelo PP para que defenda a legenda, acusada de comandar um esquema de corrupção no Ministério das Cidades. O líder do PP na Câmara dos Deputados, o paranaense Nelson Meurer (PR), pediu providências sobre o que chamou de "denuncismo da imprensa". Ele disse que o governo não deve abandonar os partidos da base, deixando que apenas os ministros façam a defesa de supostas irregularidades em suas pastas.
Ideli anuncia liberação de emendas para acalmar a base
Num dia em que o governo sofreu derrotas importantes no Congresso, com a perda do PR no bloco governista e a possibilidade de uma CPI dos Transportes, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, anunciou a líderes de partidos da base governista que o Planalto deve começar a liberar as emendas parlamentares do Orçamento de 2011 neste mês.
Dilma diz que não se pautará por "medidas midiáticas"
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo "não irá se pautar por medidas midiáticas" ao reagir a denúncias de corrupção e desvios no governo. Ao falar com a imprensa logo após o lançamento do novo plano de política industrial, ela disse ainda que o governo "não irá abraçar" casos de corrupção e que irá "combater efetivamente" irregularidades.
A presidente Dilma Rousseff teve ontem um dia de derrotas no Congresso Nacional. A oposição chegou a conseguir as assinaturas necessárias para criação da CPI dos Transportes (leia mais abaixo). E os sete senadores do PR, numa posição dúbia, deixaram o bloco de apoio do governo no Senado, sem migrar para a oposição.
A decisão do PR foi uma forma de protesto contra a "faxina" promovida por Dilma no Ministério dos Transportes, comandado até a crise pelo partido. O abandono do bloco formado agora por PT, PSB, PCdoB, PRB e PDT não significa, de imediato, que o PR deixará de votar com o Planalto e passará para a oposição. Mas indica uma postura mais "independente", que exigirá negociação do Planalto em cada votação.
O senador Blairo Maggi (PR-MT) informou que a bancada acertará hoje o comportamento que adotará daqui para frente. Ele disse que Senado e Câmara vão tentar adotar um comportamento uniforme em relação ao governo. Ou seja, o de continuar apoiando as iniciativas da presidente Dilma Rousseff, mas com liberdade na hora de votar, sem ter mais que endossar a decisão fechada do bloco governista.
"Quando se está no bloco, o partido está fechado com o governo. Pelo menos com o PR era assim. Votava-se em bloco", alegou. "Daqui para frente, deixa-se livre quem tem mais afinidade com a matéria. Há outros partidos que fazem assim", defendeu.
O também senador Magno Malta (PR-ES) foi mais enfático e disse que o PR vai "dar tchau" ao governo. "Vamos dar tchau. Ficamos oito anos com Lula e seis meses com Dilma", disse Malta, para logo depois atenuar a declaração afirmando que o partido poderá dar "apoio crítico ao governo".
"Não sou lixo"
O anúncio da debandada do PR do bloco governista ocorreu logo após o discurso, no Senado, do ex-ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (AM). Ele criticou a faxina promovida pelo governo no seu partido. "O PR não é lixo para ser varrido da administração. Não somos melhores nem piores do que ninguém", afirmou da tribuna do Senado. Foi ainda enfático, ao assegurar que o partido, ao contrário dos demais da base aliada, tem "como prática, diante de denúncias, garantir que eventuais deslizes cometidos pelos filiados sejam investigados e, se comprovados punidos.
"Que cada um assuma a responsabilidade. Eu não sou lixo! O meu partido não é lixo! Nossos sete senadores não são lixo! Nós somos homens honrados e queremos que seja apurado pelo menos a minha participação no Ministério dos Transportes", reagiu Nascimento, que deixou o comando da pasta no dia 6.
Nascimento também lamentou a falta de apoio da presidente Dilma para que continuasse no governo. E ainda lançou suspeitas sobre o comportamento do governo na campanha eleitoral que elegeu a presidente, quando ele próprio se afastou do ministério para disputar o governo da Amazonas.
O senador disse que o ministério que deixou em 2010 é diferente do que encontrou no retorno, neste ano. Como prova, informou que no período, o Ministério dos Transportes tinha um "pacote de investimentos do PAC de R$ 58 bilhões". "Quando retornei (10 meses depois), já estava em R$ 72 bilhões. Fui o primeiro a perceber a disparada dos gastos previstos e determinei um pente-fino para conhecer a origem de tal movimentação", informou.
CNJ compromete direito à ampla defesa ao restringir comunicação entre advogados e magistrados
Detalhes de depoimento vazado de Mauro Cid fragilizam hipótese da PF sobre golpe
Copom aumenta taxa de juros para 13,25% ao ano
Oposição se mobiliza contra regulação das redes sociais: “não avança”; ouça o podcast
Deixe sua opinião