Num encontro nexta segunda-feira com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a exigir que a organização passe por uma profunda reforma e garanta voz e voto aos países em desenvolvimento.

CARREGANDO :)

"Lula reiterou que nenhuma reforma estará completa se não incluir o Conselho de Segurança", disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, segundo quem é preciso avançar "rumo a uma fase de negociação sobre o assunto", pois, de outro modo, a ONU vai perder credibilidade.

"No Conselho de Segurança, há potências militares, econômicas e políticas, mas não potências ambientais como o Brasil", declarou Lula num almoço com Ban Ki-moon, de acordo com o deputado brasileiro Rodrigo Santos da Rocha Loures (PMDB-PR), presente ao encontro.

Publicidade

Amorim disse que Lula e Ban repassaram toda a agenda internacional, dando ênfase aos assuntos ambientais e a diferentes formas de conter o aquecimento global.

Ainda segundo o chanceler brasileiro, o secretário-geral do ONU afirmou que "o caminho em direção à cúpula ambiental de Bali passa pelo Brasil", que, embora tenha conseguido reduzir o desmatamento, continua sendo um grande emissor de gases poluentes.

Em dezembro, na ilha indonésia de Bali, acontecerá a convenção anual das Nações Unidas para a luta contra a mudança climática, durante a qual a comunidade internacional vai debater um acordo que substitua o Protocolo de Kioto, com vencimento em 2012.

A idéia, segundo fontes da ONU que acompanham Ban na sua visita ao Brasil, é estabelecer as bases de uma iniciativa que ganhe a adesão de todos os países, inclusive dos EUA e de outros que não assinaram o pacto lançado no Japão em 1997.

Em matéria ambiental, Lula reiterou que, apesar da recente descoberta de enormes jazidas de petróleo na Bacia de Santos, o país "ratifica seu compromisso com a produção de biocombustíveis".

Publicidade

Amorim também disse que, segundo o governante brasileiro, até as grandes potências petrolíferas deveriam adotar os biocombustíveis, para reduzir as emissões de gases poluentes.

Lula também reapresentou ao secretário-geral da ONU uma antiga proposta: que a comunidade internacional ofereça algum incentivo aos países que reduzem o ritmo do desmatamento de suas florestas, como ocorre com o Brasil na Amazônia.

Outro assunto abordado na reunião foram as missões de paz da ONU, com especial ênfase no caso do Haiti, onde atuam o Brasil e outras nações ibero-americanas.

Segundo Amorim, Lula frisou que as missões devem incluir programas de ajuda ao desenvolvimento dos países afetados, que, na maioria dos casos, saem de conflitos militares ou políticos em condições econômicas precárias.

Neste sentido, os dois líderes também falaram sobre os confrontos em Darfur (Sudão), para onde o Governo brasileiro enviará ajuda quando as hostilidades tiverem fim, no Timor-Leste e na Guiné-Bissau, países nos quais o Brasil já colabora com a ONU.

Publicidade

Em relação à crise no Oriente Médio, Lula expressou "o desejo dos países em desenvolvimento de tentar contribuir, de lançar um pouco de ar fresco" para uma solução, revelou o chanceler brasileiro.

Sobre o assunto, fontes da ONU disseram que o presidente sugeriu "de modo informal que Brasil, Índia e África do Sul possam ter um papel" mediador na região.

Segundo as mesmas fontes, Lula e Ban também comentaram o incidente ocorrido sábado, na sessão de encerramento da 17ª Cúpula Ibero-americana, entre o rei Juan Carlos, da Espanha, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Na hora do ocorrido, tanto Lula como Ban Ki-moon já tinham deixado o encontro, mas comentaram que ficaram surpresos e que "se inteiraram" da situação pela imprensa.

Após a reunião com o governante brasileiro, Ban viajou para Belém, onde concluirá sua visita ao Brasil amanhã, depois de conhecer projetos dedicados à preservação da Amazônia.

Publicidade
Veja também
  • Ban Ki-moon chega ao Brasil para visita de três dias
  • Secretário-geral da ONU diz que aquecimento global é emergência