Teresina (AE/AG/ABr) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou ontem, em encontro com 25 sindicalistas e dirigentes de movimentos sociais no hotel em que se hospedou na capital piauiense, sua preocupação com as taxas de juros. Segundo relato do presidente do Sindicato Nacional de Saúde e Previdência, José de Ribamar Souza da Silva, um dos participantes do encontro, Lula teria dito que discorda da política de juros altos e que tem mantido discussões com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci para reduzir. "Acredito que há uma tendência a curto e médio prazo. Gostaria que a taxa caísse, mas tem o mercado, e nós estamos estudando. Mas não é nada da noite para o dia."

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O encontro com os sindicalistas ocorreu antes de o presidente decolar, com mais de uma hora e meia de atraso, com destino a Floriano, para a segunda etapa de sua viagem ao Piauí.

Outro participante do encontro, Claudiomir Vieira, coordenador nacional do MST, reportou que o presidente disse que a política de juros está funcionando, mas que ele tem discutido mudanças com o ministro Palocci. Contudo, Lula teria ressaltado que não há prazo para isso acontecer.

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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Piauí, Inácio Schuck, disse que o presidente reconheceu que a equipe econômica é muito dura, mas disse que vai conversar sobre essa tendência de mudança na política de juros.

Para justificar a complexidade de fazer mudanças na política de juros, o presidente teria falado da "perplexidade" dos próprios economistas com o fato de que, mesmo com os juros altos, a economia do país continue crescendo.

Arimatéia Dantas, da Força de Tarefa Popular, outro participante do encontro, relatou que o presidente observou que, apesar de a taxa Selic ser alta, a economia se mantém crescendo, graças, também, aos empréstimos em consignação, que têm juros bem menores.

À tarde, durante a inauguração de uma usina da Brasil Ecodiesel, Lula disse que o projeto de biodiesel é a esperança de trabalho para milhares de nordestinos.

O presidente lembrou que o biodiesel pode ser produzido de diversas plantas, mas o governo decidiu investir no de mamona para beneficiar os pequenos agricultores da região Nordeste. "A mamona é como o povo nordestino: agüenta sol, agüenta seca, agüenta calor, agüenta terra ruim e não morre nunca", comparou.

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Lula destacou que a produção de biodiesel está apenas começando, mas espera que daqui a dez anos tenha crescido. "Quem sabe voltar a Floriano e vocês dizerem: 'Presidente Lula, a vida do Piauí e a vida do Nordeste mudaram, graças à coragem do seu governo de transformar o biodiesel numa matriz energética consolidada para resolver o problema desta nação'." De acordo com o presidente, o biodiesel brasileiro será mais barato do que o produzido do milho nos Estados Unidos.

O presidente anunciou ainda outras obras e investimentos para a Região Nordeste, para os quais já estariam assegurados mais de R$ 4 bilhões do BNDES e de fundos constitucionais para a construção da Transnordestina. Mas cometeu um erro ao dizer que a ferrovia interligará vários países, em vez de estados. Ele também anunciou a construção para este ano da rodovia 101, ligando Natal (RN) à Bahia, passando por seis estados, e confirmou para breve a construção da refinaria em Pernambuco, numa parceria da Petrobrás com a PDVSA.