A Lava Jato comemora três anos desde a deflagração nesta sexta-feira (17) com um número significativo de fases ostensivas deflagradas: desde 2014, foram 38. O número, porém, pode subir se forem levadas em conta as fases deflagradas em Brasília com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) e os ‘filhotes’ espalhados pelo país. Até agora, pelo menos 12 operações em outros estados tiveram a Lava Jato como ponto de partida.
Em 2015, o STF decidiu fatiar as investigações da Lava Jato e remeter a outros estados informações que não fossem diretamente ligadas à Petrobras. Naquela ocasião, a Lava Jato em Curitiba “perdeu” as investigações referentes à Eletronuclear – que foi para o Rio de Janeiro – e do Ministério do Planejamento – que foi para São Paulo. Desde então, a força tarefa da capital paranaense tem contribuído com outras espalhadas pelo Brasil com o compartilhamento de informações.
“Assim que a gente se depara com algum fato que não tenha uma conexão direta[com a Petrobras] isso é submetido ao juízo para haver um compartilhamento”, explica a delegada da Polícia Federal Renata Rodrigues. “A gente vai dando tratamento a informação conforme ela vai aparecendo”, completa.
A delegada destaca, ainda, que o número de “filhotes” da Lava Jato pode aumentar. “Certamente há outros filhotes em processo de amadurecimento”, diz Renata.
Operação Crátons
Foi a primeira operação da Polícia Federal deflagrada a partir do compartilhamento de provas obtidas na operação Lava Jato. Através do monitoramento do doleiro Carlos Habib Chater – primeiro preso na Lava Jato e dono do Posto da Torre, em Brasília, que inspirou o nome da operação – a PF chegou a uma quadrilha que extraia ilegalmente diamantes de uma área indígena em Rondônia. Ao todo 11 empresários e indígenas foram presos na deflagração da Operação, em 8 de dezembro de 2015.
Operação Vidas Secas
A operação Vidas Secas levou à prisão executivos da OAS, Coesa Engenharia e Galvão Engenharia no dia 11 de dezembro de 2015. A operação investigava superfaturamento em obras da transposição do Rio São Francisco. De acordo com investigadores, os empresários utilizaram empresas de fachada para desviar pelo menos R$ 200 milhões. Os contratos investigados, até o momento, são de R$ 680 milhões.
Operação Sangue Negro
Deflagrada em 17 de dezembro de 2015, a operação Sangue Negro tinha como alvo a empresa holandesa SBM. Segundo a PF, os pagamentos feitos por integrantes da SBM a funcionários da Petrobras eram depositados em contas na Suíça e variavam de R$ 30 mil e R$ 50 mil por mês. Esses valores, diz a polícia, foram pagos ao longo de vários anos, começando no fim da década de 1990 e teriam durado até 2012.
Operação O Recebedor
Deflagrada em 26 de fevereiro de 2016, a Operação O Recebedor, da Polícia Federal de Goiás, investigou pagamentos de propina a ex-diretores da Valec por empreiteiras contratadas para construir as ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. Também foram investigados crimes de cartel e lavagem de dinheiro, revelados pela Camargo Corrêa em um acordo de leniência no âmbito da Lava Jato. A empreiteira admitiu ter pagado R$ 800 mil em propina para um ex-diretor da estatal.
Operação Janus
Outro desdobramento da Lava Jato, a operação Janus foi deflagrada em 20 de maio do ano passado e investigava se Lula praticou tráfico internacional de influência em favor da Odebrechte e facilitou ou agilizou a tramitação de financiamentos de interesse da empreiteira junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ex-presidente, inclusive, já é réu na operação na Justiça Federal de Brasília.
Operação Turbulência
Deflagrada no dia 21 de junho de 2016, a Operação Turbulência investigava um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião que caiu matando o ex-candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) em agosto de 2014, que pode ter servido para irrigar a campanha presidencial da chapa dele e de Marina Silva naquele ano. A Polícia Federal informou que a Operação Turbulência contou com informações compartilhadas da Operação Lava Jato. Segundo a PF em Pernambuco, base da Turbulência, foram utilizados dados reunidos pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e também no âmbito da Procuradoria-Geral da República, cujos alvos são políticos com foro privilegiado.
Operação Custo Brasil
Deflagrada no dia 23 de junho de 2016, a Operação Custo Brasil é fruto do primeiro desdobramento direto da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A operação teve como objetivo apurar o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática, no valor de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O inquérito foi aberto em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo de que a documentação recolhida na 18ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco 2, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.
Operação Tabela Periódica
Em 30 de junho de 2016 foi deflagrada a operação Tabela Periódica, desdobramento das investigações da Operação Lava Jato e nova etapa da Operação O Recebedor. O batismo da operação é uma referência ao nome que alguns dos investigados deram a uma planilha de controle em que desenhavam o mapa do cartel, contendo dados como a relação das licitações, a divisão combinada dos lotes, os números dos contratos, os nomes das empreiteiras ou consórcios que seriam contemplados, valores dos orçamentos da Valec, preços combinados, propostas de cobertura apresentadas apenas para dar aparência de competição e simulação de descontos a serem concedidos.
Operação Saqueador
Também deflagrada em 30 de junho do ano passado, a Operação Saqueador levou à prisão o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-diretor da empreiteira Delta Construções Cláudio Abreu, o empresário Fernando Cavendish e o lobista Adir Assad. Investigadores da Lava Jato auxiliaram na investigação já que o esquema também foi usado para lavar dinheiro. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso de trechos da delação de executivos da Andrade Gutierrez.
Operação Calicute
Braço da Lava Jato no Rio de Janeiro, a operação Calicute foi deflagrada no dia 17 de novembro do ano passado com a prisão do ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB). A operação investiga o pagamento de propina por parte de empreiteiras por contratos com o setor público.
Operação Eficiência
Deflagrada no dia 26 de janeiro,a Operação Eficiência foi a segunda fase da Operação Calicute. O empresário Eike Batista teve a prisão preventiva decretada, assim como o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), que já estava preso desde o ano passado. A PF investiga crimes de lavagem de dinheiro consistente na ocultação no exterior de aproximadamente US$ 100 milhões. Também são investigados os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, além de organização criminosa.
Operação Tolypeutes
Deflagrada no início desta semana, a operação Tolypeutes investiga irregularidades em contratos da Linha 4 do metrô no Rio de Janeiro. O diretor da RioTrilhos e o subsecretário de Turismo foram presos pela Polícia Federal.
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