Tucanos
Para PSDB, presidente voltará a cair quando a euforia da Copa passar
A campanha do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República reconheceu que o sucesso da Copa motivou as intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT). Aliados do tucano consideram que o país vive um momento de "patriotismo", o que contribui para a avaliação positiva da petista. Mas o PSDB avalia que o cenário positivo para Dilma vai sofrer revés a partir de agosto, com o fim do Mundial e o início da campanha eleitoral no rádio e na tevê. "Temos um momento de muita euforia de Copa, presente até em publicidade de detergente. Mas não é nada que perdure. Permanecem os problemas essenciais, éticos, a precariedade dos serviços públicos", afirmou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice-presidente na chapa de Aécio.
PSB
Campos diz que crescerá quando o brasileiro se interessar pelas eleições
Mostrando-se confiante, o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse ontem que vai crescer nas pesquisas assim que o brasileiro passar a se interessar pelas eleições. Segundo ele, ainda há "um grau muito grande de desconhecimento" da população em relação aos candidatos. Campos aparecer no Datafolha com 9% das intenções de voto. Acompanhado de sua vice, Marina Silva, ele ontem registrou oficialmente sua candidatura à Presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Campos declarou ao TSE que sua campanha gastará até R$ 150 milhões.
Muita espuma para pouca marola
Emerson U. Cervi, cientista político da UFPR
Diferenças percentuais de intenção de voto nesse momento, indicadas nas pesquisas de opinião, dizem pouca coisa. Melhor verificar como estão as avaliações dos governos do que tentar adivinhar quem ganhará a eleição de outubro ou se teremos ou não disputa em segundo turno. Nesse momento, durante a realização da copa do mundo de futebol, os números mostram oscilações em torno dos políticos mais presentes na mídia (memória saliente) e dos fatos positivos ou negativos relacionados às imagens desses políticos (copa). Ainda não existe intenção de voto de fato. Há, no máximo, elementos que indicam uma tendência de voto, mas que podem mudar. Prova disso é que os números do datafolha de junho e julho para a avaliação de governo oscilaram acompanhando os humores de eventos públicos de maneira mais fortemente do que as oscilações percebidas nas intenções de voto. Candidatos da oposição praticamente não mudaram de posição. Candidata à reeleição tendeu a acompanhar a avaliação do governo.
Pesquisa de opinião sobre intenção de voto sempre é uma fotografia borrada de um evento em movimento. Equivale a fotografar um carro de corrida com uma câmera amadora (sem controle manual de velocidade do obturador). A imagem impressa no papel não será perfeita. Todos que virem a foto saberão que se trata de um carro em movimento, mas sem identificar os detalhes. Se a corrida estiver no início, menos informativa ainda será a fotografia.
Por mais que os institutos insistam na importância dos números das pesquisas a qualquer momento e que os meios de comunicação repercutam os resultados, no início da campanha as pesquisas de avaliação de governo e intenção de voto interessam mesmo aos profissionais responsáveis pelas imagens dos candidatos e às minorias militantes dos partidos, não ao cidadão comum. O eleitor que decide quem ganha e quem perde só começará a se preocupar com essas questões na segunda quinzena de agosto. Até lá, será muita espuma para pouca marola.
A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e as intenções de voto na petista tiveram uma ligeira melhora desde junho o que pode ser atribuído ao sucesso da Copa do Mundo (leia mais na reportagem desta página). Pesquisa Datafolha publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que 35% dos brasileiros consideram o governo Dilma "ótimo" ou "bom"; em junho, o porcentual era de 33%. Já as intenções de voto na presidente subiram de 34% em junho para 38% em julho. O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, passou de 19% para 20%. O candidato do PSB, Eduardo Campos, oscilou de 7% para 9%.
O Datafolha indica ainda que atualmente há a mesma probabilidade para que a eleição seja decidida já no primeiro turno ou vá para uma segunda votação entre dois concorrentes. Isso porque a soma de todos os adversários de Dilma é de 38% o mesmo porcentual da petista.
Nos cenários para o segundo turno, Dilma ganharia de Aécio com 46% dos votos, contra 39%. Em junho, o placar era de 46% da petista contra 38% do tucano. Se o adversário fosse Eduardo Campos, Dilma venceria com 48% dos votos contra 35%. Em junho, esse cenário apontava 47% para a presidente contra 32% do ex-governador de Pernambuco.
A pesquisa Datafolha incluiu as candidaturas de partidos "nanicos". Pastor Everaldo (PSC) aparece com 4%. Zé Maria (PSTU) tem 2%. Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB) e Luciana Genro (PSol) têm 1% das intenções de voto. Levy Fidelix (PRTB) e Eymael (PSDC) não pontuaram. Brancos e nulos somaram 13%. Os indecisos ainda são 11% dos eleitores.
Rejeição e regiões
A taxa de rejeição da presidente Dilma Rousseff é de 32%, abaixo dos 35% do levantamento de junho. Aécio Neves e Eduardo Campos têm, respectivamente, 16% e 12% de rejeição. Em junho, o porcentual de entrevistados que disseram que não votariam de jeito nenhum em um dos dois candidatos era de 29% para ambos.
Ao dividir a pesquisa por segmentos, o Datafolha mostra ainda que a popularidade de Dilma varia muito entre as regiões. No Nordeste, onde obteve o melhor desempenho, a petista tem 55% das intenções de voto. No Norte, são 44%. Em seguida, no Centro-Oeste as intenções somam 35%, contra 33% no Sul e 28% no Sudeste.
A presidente também tem mais apoio entre os pobres. No grupo dos que vivem em famílias com renda de até dois salários mínimos, Dilma tem 45% da intenções de voto. Entre os que recebem de cinco a dez salários, ela alcança 26%. No estrato dos mais ricos, tem 30%.
Apoio ao Mundial salta de 51% para 63% dos brasileiros
A pesquisa Datafolha indica que a Copa do Mundo é um dos fatores para a melhora do cenário do governo Dilma Rousseff. A proporção de brasileiros que apoiam o evento no Brasil passou de 51% em junho para 63% agora. Já o orgulho em sediar o Mundial saltou de 45% para 60% da população no mesmo período.
Sobre os impactos que a Copa traz para o país, os brasileiros se mostram divididos: 46% consideram que o Mundial traz mais prejuízos do que benefícios, enquanto 45% veem mais benefícios. Outros 9% não responderam. Os entrevistados responderam ainda sobre os protestos durante a Copa: 65% creem que as manifestações são uma vergonha para o país.
O Datafolha também perguntou sobre as vaias que Dilma recebeu na abertura da Copa, no estádio do Itaquerão, em São Paulo, no último dia 12. Para 76%, os torcedores que xingaram a presidente agiram mal. Outros 17% acreditam que a ação foi correta.
Terrorismo
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, avaliou que a retomada do otimismo com a Copa e o governo Dilma é reflexo de algo que o PT já esperava. Ele disse que houve "terrorismo" às vésperas do torneio. "É normal que haja aeroporto, estádios, gramados bons. Sobretudo é normal, e nós sabíamos disso, a generosidade que o povo brasileiro tem. O que não foi normal foi o terrorismo que foi feito [em relação à Copa]", afirmou. Para ele, a partir de agora o brasileiro vai reconhecer o trabalho da presidente, o que deve melhorar a avalação do governo.
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