Brasília (AE) – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), maior criadora de tecnologia para a agricultura tropical, negocia com os Ministérios da Agricultura, do Planejamento e da Fazenda um amplo plano de reestruturação que vai alterar a relação com o agronegócio brasileiro. A reestruturação inclui programa de demissão incentivada e lançamento de concurso público neste semestre.

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Além da renovação de quadro, a Embrapa acha que – depois de amparar o avanço do campo – precisa de melhores condições para acompanhar as novidades mundiais do setor, como a agroenergia, bionanotecnologia, mudanças climáticas e gestão de inovação.

O plano da empresa já tem custo definido: R$ 300 milhões. Esse é o preço da Embrapa para custear o novo ciclo de desenvolvimento. Elevação do orçamento dos atuais R$ 877 milhões para algo próximo a R$ 1,2 bilhão.

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Sílvio Crestana, diretor-presidente da empresa – gestor de um orçamento de R$ 877 milhões (em queda por conta da política de superávit primário do governo) –, diz que em três anos 1.300 funcionários da empresa poderão se aposentar. São 15% do quadro total. Não bastasse isso, é acelerado o êxodo de funcionários. Por ano, 7% dos pesquisadores deixam a instituição em busca de salários mais elevados ou seduzidos por planos de carreiras mais vantajosos. Entre os funcionários de nível superior a saída atinge 18%. O grupo de assistentes de operação é o que menos tempo fica na empresa: 21% deixam a Embrapa todo o ano.

"São índices muito elevados, totalmente inadequados para uma empresa do perfil da Embrapa. Pelos levantamentos internos, 88% dos funcionários que deixam a instituição o fizeram por iniciativa própria", explica Crestana. A situação já compromete pesquisas da empresa, admite. O "não" do governo pode comprometer o futuro da empresa.

A primeira iniciativa é a de elevar salários. Um doutor contratado hoje recebe até R$ 3,5 mil com benefícios. Pode, na situação atual, alcançar uma remuneração bruta de R$ 10 mil, nos mais elevados estágios da carreira. Disso dependerá o avanço de 30 estágios, um a cada ano. O plano apresentado ao governo prevê segundo Cres-tana, a redução para 20 estágios.

Com salário inicial de R$ 4,5 mil, pesquisadores com nível de doutorado teriam perspectiva de alcançar ao final da carreira salários de R$ 13 mil, valor mais adequado se comparado aos R$ 8 mil atuais. A Embrapa prepara benefício adicional não cumulativo. Uma agência para gestão da inovação terá a função de buscar negócios. A renda obtida com a iniciativa premiaria os quadros por inovações.