O ministro Geddel Vieira Lima começou a defender a construção do edifício La Vue, em Salvador, mesmo sem aparecer na lista de compradores de um dos apartamentos do empreendimento. Em 10 de junho de 2015, o ministro da Secretaria de Governo já usava o Twitter para reclamar que vereadores tentavam barrar a obra. Três meses depois, em 16 de setembro daquele ano, o nome do ministro não estava relacionado a qualquer unidade do prédio. Procurado, Geddel não informou na quarta-feira (23) quando nem em que condições comprou o imóvel.
Os futuros proprietários de apartamentos se reuniram naquele dia na assembleia de constituição do condomínio. Fazem parte da lista, disponível no 2.º Registro de Títulos e Documentos de Salvador, pessoas físicas e jurídicas que compraram ou assinaram com a construtora um instrumento particular de promessa de compra e venda de fração ideal de terreno. De 24 unidades, onze ainda estavam vazias, incluindo as localizadas nos dois últimos andares.
Na reunião de condomínio, ficou acertado que as obras começariam em outubro daquele ano. Segundo a ata da reunião, o dono da Cosbat, Luiz Fernando Machado Costa Filho, frisou, aos donos de unidades do Le Vue, a “importância do assessoramento de arquitetos e/ou decoradores” para a personalização de cada apartamento. Segundo registro na ata, não houve menção à necessidade de aprovar o empreendimento no Iphan pelo fato de se estar dentro de uma área de proteção do patrimônio histórico
A única unidade ligada a Geddel é a 1.101, no 11.º andar, registrada em nome da Upside Empreendimentos Ltda, de propriedade de uma prima do ministro. Na Junta Comercial de Salvador, a firma está registrada em nome de João Fábio Paolilo Calazans, Luiz Felipe Vieira Lima Paolilo Calazans e Fernanda Vieira Lima Paolilo Calazans, prima de Geddel e sócia do político baiano no restaurante Al Mare, em Salvador.
Embora não tivesse nenhum contrato reconhecido pela Ladeira da Barra Empreendimento, empresa criada com a única finalidade de gerenciar o La Vue, Geddel deu uma declaração sobre a obra, em junho. Ao saber que alguns vereadores da oposição pretendiam fazer uma audiência pública sobre os impactos urbanísticos do empreendimento, o ministro escreveu no Twitter: “O banqueiro Marcos Marianni está assediando vereadores, pois ele se acha o dono da Ladeira da Barra”.
Controladora do Banco BBM, a família Marianni é proprietária de um imóvel do século 19 que fica nas imediações do La Vue e que, por tanto, seria afetado pela construção do espigão.
BATALHA NA CÂMARA MUNICIPAL
O vereador Gilberto Santiago (PT) chegou a pedir a interpelação de Geddel, mas seu requerimento não foi aceito. A base governista da Câmara de Vereadores votou, duas vezes, contra a realização da audiência pública do La Vue. O próprio prefeito ACM Neto disse, na época, que não havia nada de errado com o prédio. Segundo Santiago, a base governista está trabalhando de novo para evitar a realização de uma reunião na Câmara sobre a obra.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa para responder quando assumiu o compromisso de compra de um apartamento no edifício, Geddel informou que a pergunta seria encaminhada para os seus advogados e que aguardava a resposta para se posicionar. Até a noite de quarta-feira (23), ele não se pronunciou.
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