Hotel pagará salário mensal de R$ 20 mil a Dirceu
O ex-ministro José Dirceu receberá R$ 20 mil por mês como gerente administrativo do Hotel Saint Peter, um quatro estrelas de Brasília, caso receba autorização da Vara de Execuções Penais de Brasília para trabalhar fora do presídio. O horário de expediente é de 8h a 17h, tendo um horário de intervalo para almoço.
O contrato de trabalho "a título de experiência" foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Vara de Execuções Penais. Os termos, já assinados pelos responsáveis pelo hotel, admitem que Dirceu pode ser transferido para outro serviço "no qual demonstre melhor capacidade de adaptação desde que compatível com sua condição pessoal".
O emprego de gerente no hotel Saint Peter em Brasília não era a opção preferencial do ex-ministro condenado no mensalão José Dirceu, mas foi considerado por sua defesa o cenário com menor risco de rejeição por parte do juiz Bruno Ribeiro. Responsável pela execução da sentença, ele seria próximo do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e poderia negar a autorização para que Dirceu saia da Penitenciária da Papuda às 7h e retorne às 19h diariamente para trabalhar.
Amigos e auxiliares do ex-ministro relatam que ele preferia abrir uma filial ou transferir para Brasília sua empresa de consultoria. Dessa forma, teria mais liberdade para coordenar o movimento em sua defesa, fazer contatos profissionais e atualizar seu blog. Além disso, poderia usufruir de um espaço confortável no período em que estivesse fora do presídio.
"O juiz de execução poderia negar a autorização de trabalho caso julgasse que o emprego pudesse dificultar a execução da pena ou fosse uma forma de burlar a lei", explica o advogado criminalista Pierpaolo Bottini, responsável pela defesa de Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho, na primeira etapa do julgamento do mensalão.
O segundo cenário para José Dirceu seria trabalhar em um escritório de advocacia. Alguns profissionais amigos do ex-ministro foram sondados, entre eles Hélio Madalena, Sigmaringa Seixas e Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. A conversa com Madalena foi a única que avançou e ele aceitou contratar Dirceu. "O problema é que ele é muito marcado como amigo do ex-ministro", afirma um interlocutor.
Outro empecilho nesse caso foi o pedido de cassação do registro do ex-ministro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade, que até agora evitou qualquer tipo de manifestação sobre o mensalão, costuma ser sensível a casos nos quais a condenação criminal já transitou em julgado.
"Foram inúmeras as opções de trabalho que ele recebeu. A escolha do hotel, entretanto, é a que preenche todos os requisitos necessários para o deferimento do juiz", diz o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador jurídico do PT e um dos principais aliados do ex-ministro no partido.
O entorno de José Dirceu avalia que a opção pelo hotel é provisória e que um pedido para outro trabalho deve ser feito. Mas isso só deve acontecer depois de outubro de 2014, após as eleições e quando o ministro Joaquim Barbosa deixar a presidência do Supremo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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