Empreiteiras que integram o “clube” investigado por formação de cartel e desvios na Petrobras doaram em 2014 - ano de eleições gerais e no qual o caso de corrupção foi descoberto - um total de R$ 78 milhões ao PT e ao PSDB.
As prestações de contas dos dois partidos, encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que quase um terço do total das contribuições de empresas ao diretório nacional petista veio das construtoras sob suspeita na Operação Lava Jato.
No caso do PSDB, esse porcentual é ainda major: chega a 42%. Políticos das duas legendas são investigados por suposto envolvimento no esquema.
Na lista de empresas que depositaram na conta do PT estão UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, OAS, Engevix e Odebrecht. Juntas, elas desembolsaram R$ 55,6 milhões de um total de R$ 191,5 milhões.
Diante do desgaste ocorrido com a prisão do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, suspeito de envolvimento no esquema desvendado na Lava Jato, integrantes da cúpula do partido passaram a defender que as doações à legenda e a candidatos nas próximas disputas eleitorais se restrinjam às pessoas físicas.
Em abril, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, anunciou após reunião do diretório nacional da legenda, em São Paulo, que partido não mais receberá doações de pessoas jurídicas. O PT defende o fim do financiamento empresarial previsto em ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que está sob análise do Supremo Tribunal Federal.
Em propaganda partidária, que foi ao ar em cadeia nacional de rádio e TV anteontem, Falcão, ressaltou que aqueles filiados que tiverem o envolvimento comprovado em corrupção serão expulsos da legenda.
A medida está prevista em resolução aprovada pelo partido no fim de novembro do ano passado, que diz que os petistas condenados por corrupção serão expulsos.
As declarações se contrapõem, entretanto, ao destino dado a integrantes da cúpula do PT presos após julgamento do caso do mensalão.
Do lado do PSDB, principal legenda de oposição ao governo Dilma, o valor doado pelas empresas foi menor, mas teve maior representatividade no extrato bancário do partido. Entre as empresas doadoras e suspeitas de participar do “clube” estão Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão. Elas transferiram R$ 22,3 milhões de um total de R$ 52,1 milhões.
Tanto no caso do PT quanto no do PSDB, a maior contribuinte foi a Andrade Gutierrez. Ela doou aos petistas no ano passado R$ 14,6 milhões. Aos tucanos, metade desse valor.
Na terça-feira, a 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal concedeu liberdade condicional ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e considerado como o “presidente do clube das empreiteiras”.
O benefício foi estendido a outros executivos que cumpriam prisão domiciliar desde novembro do ano passado em Curitiba, onde tramitam as ações penais da Lava Jato.
Além de Pessoa, foram soltos representantes da Engevix, Camargo Corrêa, OAS e da Galvão Engenharia suspeitos de participação na Operação Lava Jato. Os empresários cumprem prisão domiciliar e usam tornozeleira eletrônica.
Delatores da Lava Jato, entre eles executivos de empreiteiras sob suspeita de terem formado um cartel que assumiu o controle dos contratos da Petrobras, já afirmaram à força-tarefa e em juízo que doações aos partidos eram também parte do esquema de propinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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