Dois executivos, ligados às empreiteiras Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, foram denunciados pela Operação Lava Jato nesta terça-feira (6), sob acusação de pagarem propina para impedir o avanço da CPI da Petrobras, em 2009.
Ildefonso Colares Filho e Erton Medeiros Fonseca, presos preventivamente em fases anteriores da investigação, teriam pago R$ 10 milhões ao então senador Sérgio Guerra (PSDB), morto em 2014, e ao deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), já denunciado no STF.
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Leia a matéria completaO objetivo era impedir o avanço das investigações no Congresso. Na época, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontava sobrepreço em obras da Petrobras.
Colares Filho, então presidente da Queiroz Galvão, e Fonseca, representante da Galvão Engenharia, chegaram a aparecer em um vídeo negociando propina com o senador tucano. O material foi obtido pela PF no início do ano, e fundamenta a denúncia desta terça.
A reunião ocorreu em outubro de 2009, numa sala comercial no Rio de Janeiro. O local foi emprestado pelo lobista Fernando Soares, o Baiano, que também colaborou com a investigação.
Num dos trechos gravados, depois de o senador declarar que “tem horror a CPI” e que “não vamos polemizar”, Colares Filho afirma: “Dando suporte aí ao senador, tá tranquilo”. Ao que Guerra responde: “Conversa aí entre vocês”.
A conversa, “em termos ocultos”, segundo o Ministério Público Federal, indica o momento do acerto da propina, “denotando que caberia às empresas se acertarem sobre a divisão e a forma de pagamento [do suborno]”.
Ainda de acordo com a denúncia, os R$ 10 milhões pagos aos dois parlamentares saíram da “cota de propinas” do PP na Petrobras, segundo informou o ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato.
Caso a denúncia seja aceita pelo juiz Sergio Moro, os executivos irão responder pelo crime de corrupção ativa. Os procuradores também pedem o pagamento de R$ 10 milhões pelos danos causados ao erário.
Outro lado
A reportagem ainda não conseguiu contato com os advogados dos denunciados.
Em depoimento à PF no ano passado, Ildefonso Colares Filho negou aos policiais que tenha pago propina para impedir a CPI, e afirmou que o PSDB não teria força para enterrar a comissão.
O PSDB, partido presidido por Sérgio Guerra de 2007 a 2013, informou em ocasiões anteriores que apoia as investigações desde o início e “defende que o trabalho das instituições avance para os esclarecimentos necessários”.
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