Maringá A coleta de lixo em Maringá está sendo feita com a escolta de seguranças particulares. A Ponta Grossa Ambiental, contratada pela prefeitura para recolher o lixo das ruas durante a greve dos funcionários públicos, recrutou uma equipe de vigilantes para garantir o trabalho e impedir a ação dos grevistas. Segundo denúncia dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar), haveria policiais militares trabalhando ilegalmente na empresa.
A Polícia Federal (PF) informou ontem que vai instaurar um procedimento administrativo para investigar possíveis irregularidades na Kamillu´s, empresa de segurança contratada para acompanhar a coleta de lixo. A companhia opera sem uma sede fixa e já foi notificada em 2001, após uma vistoria da PF que apontou que ela estaria funcionando sem autorização do Ministério da Justiça. A empresa recorreu à Justiça, alegando que não era do ramo de vigilância e que suas atividades estavam voltadas para eventos. A notificação da PF perdeu o efeito e o Tribunal Regional Federal (TRF) negou provimento à ação em abril de 2003.
"Contratamos os seguranças para olhar de longe e evitar depredações por parte dos grevistas", justifica o diretor da Ponta Grossa Ambiental, Marcus Borsato, responsável pela coleta de lixo. Segundo os grevistas, alguns manifestantes sofreram ameaças e foram agredidos pelos seguranças contratados para fazer a escolta. Três pessoas prestaram depoimento ontem na Polícia Federal.
O 4.º Batalhão da Polícia Militar informou que não sabe se há policiais trabalhando irregularmente na empresa. "Essa situação é irregular e, se conseguimos identificar, abriremos procedimento administrativo e responsabilizaremos. Se o policial estiver armado, é mais grave ainda", afirma o capitão Ademar Paschoal.
O proprietário da companhia de segurança, identificado apenas como Camilo, confirmou que seu grupo está trabalhando para a Ponta Grossa Ambiental, mas que não usa armas e que a determinação é garantir a coleta de lixo. "O trabalho tem que ser feito custe o que custar", diz. Segundo ele, há aproximadamente 40 vigilantes fazendo a escolta. Ele admite que, entre eles, há policiais.
A greve dos servidores, que entra hoje no 16.º dia é a mais longa de Maringá, superando a paralisação de 12 dias em 1990, quando a cidade era administrada por Ricardo Barros, irmão do atual prefeito. A reportagem tentou, pela terceira vez desde o início da greve, falar com o prefeito Silvio Barros sobre a greve. Foi informada, porém, pela assessoria de comunicação que o advogado e diretor do Procon, Ulisses Maia, é o porta-voz nas negociações. "O sindicato está criando impasses e a situação está muito difícil para toda a cidade", disse Maia.
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