O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse nesta sexta-feira (17) que o empresário Luiz Carlos Barreto confirmou que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), intermediou, entre 1999 e 2002, a compra de um jornal em Alagoas em sociedade com o usineiro João Lyra. "Ele (Renan) teria intermediado a negociação com a força financeira do João Lyra", disse Tuma, por telefone.
Barreto depôs nesta sexta pela manhã em Alagoas. Segundo o corregedor, ele disse que Renan propôs ao então dono do "O Jornal", Nazário Pimentel, uma parceria com um grupo interessado no veiculo. Barreto, então diretor do jornal, afirmou, segundo Tuma, que Nazário participou de uma reunião com Lyra e Renan para discutir a venda do jornal. "Num valor estimado em R$ 700 mil", afirmou o corregedor.
De acordo com o corregedor, Barreto não apresentou nenhum documento comprovando a ligação do presidente do Senado com a compra do jornal. "É só verbal. Não há documento", disse Tuma.
Na quinta, o corregedor ouviu Lyra. O usineiro reafirmou que Renan era o verdadeiro sócio na compra do jornal e também de algumas rádios. Segundo Lyra, o senador teria usado Tito Uchôa, primo do senador, como "laranja" (terceiro) na transação. O usineiro entregou a Tuma cópia de recibos e promissórias assinados por Uchôa. O corregedor quer ouvi-lo. "O depoimento do Uchôa é o ponto principal", afirmou.
Segundo ele, Uchôa entregou uma carta em seu gabinete nesta sexta propondo uma acareação com João Lyra no Conselho de Ética. O órgão investigará Renan sobre essas denúncias. Sem um relator ainda escolhido, o processo, por enquanto, não começou. Tuma disse que torce para que o relator faça a acareação e que ele, como corregedor, possa participar. O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse que o relator desse processo será escolhido somente na semana que vem.
Outros processos
Além desse processo, Renan é alvo de mais dois no Conselho de Ética. O primeiro apura a suspeita de que ele recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais. A conclusão desse processo depende de uma perícia da Polícia Federal em documentos entregues por ele para comprovar rendimentos agropecuários para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos. A PF deveria entregar essa perícia nesta quinta, mas adiou para a próxima segunda (20).
O segundo processo se baseia em reportagem publicada no mês passado pela revista "Veja". A revista noticiou que Renan teria atuado em favor da cervejaria no INSS para impedir a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões. Em nota publicada nos jornais em julho, a Schincariol disse repudiar "as ilações que relacionam suas decisões de negócio a questões políticas". O relator desse processo foi definido na quarta (15) e será o senador João Pedro (PT-AM).