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O dono do restaurante Fiorella, Sebastião Augusto Buani, confirmou na tarde desta quinta-feira que deu R$ 40 mil de propina ao então primeiro-secretário e atual presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, para garantir a renovação por três anos do contrato de concessão de seu restaurante, que fica no 10º andar do anexo 4 da Câmara. A entrevista coletiva de Buani complica ainda mais a situação de Severino, que está em Nova York participando da reunião da Conferência Mundial dos Presidentes de Parlamentos, na ONU.

No início da entrevista, Buani disse que "não estava acostumado a essa vida de estrelato" e que pretendia esclarecer as dúvidas para "ter um pouco de sossego". O empresário disse que tratava direto com o primeiro-secretário da Câmara e que sua filha Gisele, que segundo o ex-gerente do restaurante Izeilton Carvalho seria a responsável em fazer o pagamento da propina, "apenas contava o dinheiro".

Sebastião Buani contou que um certo dia conversou com o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE) sobre uma possível renovação do contrato por cinco anos. Dias depois, Sebastião Buani disse ter sido chamado ao gabinete do então primeiro-secretário, Severino Cavalcanti, quando lhe foi apresentado o documento que garantiria a prorrogação do contrato até 2005.

Sebastião Buani confirmou que Severino lhe pediu R$ 20 mil por ano de renovação, o que daria R$ 60 mil. Mas como disse que não tinha o dinheiro, acabou fechando um valor de R$ 40 mil pelos três anos de renovação. O empresário disse que o dinheiro foi entregue num envelope pardo. Buani disse ainda que fez um saque de cerca de R$ 20 a R$ 30 mil em sua conta bancária e complementou o restante com dinheiro do caixa do restaurante.

O empresário disse que apesar de possuir cópia do documento assinado por Severino, para garantir a renovação do contrato de seu restaurante, foi surpreendido por uma carta da própria Câmara, no último trimestre de 2002, solicitando a renovação emergencial do contrato.

Buani disse ter procurado severino que, segundo o empresário, aparentava estar muito tranqüilo. O primeiro-secretário teria então afirmado: "Enquanto eu estiver na mesa, você estará na Casa." O empresário disse que aceitou a renovação emergencial, de um ano:

- Eu fiquei tranqüilo, perdi os três anos (garantidos pelo documento de Severino) mas garanti mais um ano - disse Buani.

No dia da assinatura do contrato de renovação, segundo o empresário, já em janeiro de 2003, Severino tocou no assunto do que está sendo chamado de "mensalinho", exigindo R$ 20 mil pela assinatura, o que foi reduzido depois para R$ 10 mil.

- Se eu não tivesse seis filhos para criar, eu tinha pego aquela prorrogação, jogado fora, e ido embora - concluiu o empresário.

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