Documentos divulgados neste sábado (19) revelam que o empresário do transporte coletivo, Valmir Amaral, prestou depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal, no último dia 16, para confirmar a denúncia de pagamento de propina aos deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal para aprovar a Lei do Passe Livre.
No dia 30 de novembro, o empresário invadiu a sala de reuniões da presidência da Câmara Legislativa. Aos gritos, denunciou aos jornalistas que esperavam uma entrevista do presidente, Leonardo Prudente (DEM), o suposto esquema para a compra de deputados distritais na votação do Passe Livre. "Foi R$ 1 milhão pra alterar a lei e mais R$ 600 mil pra derrubar o veto do governador. O governador ia vetar. Eu queria falar na cara do presidente da Câmara: tem corrupção forte aqui dentro da Câmara", afirmou o empresário nessa oportunidade.
Nesta quinta-feira (16), duas semanas depois, o empresário confirmou o esquema em depoimento ao Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do DF. Ele contou que em junho desse ano recebeu um telefonema de Vagner Canhedo, dono da Viplan, propondo o pagamento de propina para a inclusão da emenda que beneficiaria os deficientes físicos e as empresas de ônibus. O pagamento seria feito a vários deputados, entre eles Leonardo Prudente, Eurides Brito, líder do governo e Benício Tavares.
Em conversa gravada por Durval Barbosa, delator do esquema do mensalão, o deputado Benício Tavares fala sobre as negociações, que segundo ele, foram comandadas por Leonardo Prudente.
"O Leonardo pegou uma emenda do Victor. Chegou pra mim e todos... Ele já tinha acertado com todos os deputados, foram 14 deputados ou 15. Oh, está aqui à emenda do deficiente, eu vou ficar de fora do trem? Não tem jeito. Aí, o que eu fiz, eu coloquei o Fábio e só, mas não foi eu que comandei o troço. Quem comandou foi o Leonardo. Mas aí, o que eu vejo, quer dizer, eu acho que o Fraga tem contato direto com os caras, de tudo", afirma Benício Tavares em conversa gravada.
Segundo o depoimento de Valmir Almaral, Victor é o vice-presidente do Sindicato das Empresas do Transporte Público e diretor do Grupo Constantino, Victor Foresti.
Em outro trecho, Durval Barbosa fala de um suposto encontro que o secretário de Transportes, Alberto Fraga, teria tido com Vagner Canhedo, a quem se refere como velho. "Inclusive, ele falou com o velho. O velho teve numa audiência com ele e ele falou o seguinte: Pô, vocês antes de falar comigo, sem falar comigo vocês vão lá e cacifam o deputado! Vocês têm que falar comigo que a gente vai junto! Eu estou fora dessas coisas. Entendeu? Entendeu o raciocínio?", afirma Durval em gravação.
Valmir Amaral disse ao Ministério Público que se recusou a pagar a parte proposta a ele: R$ 170 mil. Mas suspeita que os deputados receberam dos empresários, já que a emenda foi aprovada e depois o veto foi derrubado. Valmir Amaral também denunciou a tentativa do DFTrans de tirar linhas de ônibus das empresas dele como represália por não ter aceitado participar do esquema.
A assessoria do presidente Leonardo Prudente informou que ele não assinou a emenda apresentada por vários deputados. Benício Tavares e Eurides Brito negaram ter recebido dinheiro. Vagner Canhedo não foi encontrado para comentar a denúncia. O secretário de Transportes, Alberto Fraga, negou que tenha tido essa conversa com Vagner Canhedo. E disse que Valmir Amaral estaria bravo com o remanejamento de linhas.
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