
Um dos suspeitos de operar pagamentos de propina na Petrobras, o empresário Cláudio Mente afirmou nesta terça-feira (3) à CPI dos Fundos de Pensão na Câmara que o pagamento de R$ 400 mil a uma conta da mulher do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi um empréstimo por causa da “amizade” que mantinha com ele.
Mente explicou que conheceu Vaccari em 2007, dizendo não se recordar de quem o apresentou, e que um ano depois fez o empréstimo. “Vaccari depois se tornou um grande amigo”, afirmou. Disse que nunca trataram de negócios.
Segundo o empresário, eles almoçavam uma vez por mês ou de dois em dois meses, e passou a ser amigo também da família dele. Mente contou ter sido apresentado a Vaccari para lhe dar “palpites” sobre uma questão referente a problemas nas finanças do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que Vaccari comandava.
Questionado se já havia feito empréstimos a outros amigos, Mente declarou que sim, mas admitiu que apenas o repasse a Vaccari foi formalizado em um contrato. “[A formalização foi feita] porque ele queria contabilmente, queria o dinheiro legal, pra não ser exatamente mal interpretado como está sendo”, disse.
Uma das suspeitas levantadas pela Polícia Federal é que esse empréstimo poderia servir para “esquentar” o pagamento de propina de uma empresa a Vaccari.
O empresário já foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef como operador de pagamentos de propina e pelo advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, também delator da Operação Lava Jato, como responsável por pagamento de propina a dirigentes do fundo de pensão da Petrobras, a Petros.
Carlos Costa trabalhou para Cláudio Mente. À CPI, o empresário negou pagamentos de propina e disse que a empresa responsável por um trabalho junto à Petros, a CSA, pertencia a um sócio seu, mas que ele não era sócio da empresa.
Apesar disso, ele admitiu ter participado do trabalho junto à Petros, para compra de créditos da Indústria Metais do Vale, mas disse que a atuação foi regular e que só conheceu Vaccari depois disso.
JANENE E YOUSSEF
Cláudio Mente também admitiu que conheceu o ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010, e o doleiro Alberto Youssef, que cuidava da atuação de Janene junto à Petrobras.
O empresário diz que teve uma relação de amizade com Janene por ter comprado gado dele e que, após o mensalão, ofereceu seu escritório em São Paulo para que o ex-deputado o utilizasse quando precisasse. “Quando deu o mensalão, eu achei que precisava dar um apoio pra ele, aí o encontrei casualmente um dia no aeroporto e ele passou, quando vinha a São Paulo, ele usava o meu escritório”, declarou.
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