Brasília (Folhapress) A cópia de um cheque de R$ 7.500 nominal a Gabriela Kênia da Silva Santos Martins, uma das secretárias do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), foi apresentada ontem à Polícia Federal pelo empresário Sebastião Buani como prova da propina paga ao atual presidente da Câmara em 2002 e 2003.
Em troca do pagamento, o empresário teria obtido a prorrogação da licença para explorar o restaurante da Casa, além de um reajuste nos preços cobrados das refeições.
Assinatura no verso do cheque mostra que o dinheiro foi sacado pela própria secretária em 30 julho de 2002, data que obrigou o empresário a reformular a versão que oferecia até aqui para os pagamentos a Severino. Buani disse que precisará refletir melhor sobre o valor total da propina paga ao deputado. "Com certeza, a conta total está sujeita a alteração." Ontem, ele não quis arriscar um número.
Na versão anterior do empresário, Severino Cavalcanti teria recebido cerca de R$ 110 mil. Além de um pagamento inicial de R$ 40 mil em abril de 2002 cujo saque seria o que aparece em extrato bancário divulgado anteriormente por Buani , haveria parcelas mensais pagas entre março e novembro de 2003.
"A história do mensalinho é anterior do que eu imaginava", consertou Buani. "O que eu sofri de pressões para pagar esse dinheiro mensal não correspondia a apenas cinco ou seis meses. O meu calvário durou mais do que isso. A partir do momento em que eu cedi, em abril de 2002, eu abri a porteira", relatou.
A revelação teve repercussão imediata no Congresso, uniu governo e oposição em um mesmo discurso, e deflagrou de vez a corrida para encontrar um nome para sua sucessão. O empresário ainda dava a entrevista, e deputados da oposição se avolumavam no Salão Verde da Câmara disputando microfones e câmeras para reforçar os pedidos de derrubada do presidente da Casa. Os governistas, até terça-feira cautelosos, aderiram ao "fora Severino" minutos depois.
Depois do cheque, o PT decidiu ele próprio apresentar o pedido de cassação, que se somaria ao já feito pela oposição ontem.
O PSB faria o mesmo: "É o fim. O que nos faltava era essa prova material", disse Renato Casagrande (ES), líder da bancada.
Um dos expoentes pela destituição de Severino, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da oposição, ironizou ao dizer que o cheque "era a prova que não faltava". "Já estava tudo muito claro para mim. Quando representamos contra o presidente da Câmara não representamos apenas em cima de evidências, mas em cima de várias provas", disse.
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