Escuta telefônica pegou um empresário da indústria química pedindo ao ex-secretário de Finanças do município de Pindamonhangaba (SP) Silvio Serrano que marcasse encontro com o cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Paulo César Ribeiro, o Paulão, para interceder em licitação do Metrô. O empresário fala em "comissão boa". Alvo do Ministério Público, que o investiga por suposto tráfico de influência, corrupção e comando de cartel da merenda escolar, Paulão é irmão de Lu Alckmin, mulher do governador.
O diálogo interceptado com autorização judicial se deu em 22 de novembro de 2010, às 8h40. O empresário James de Lima Franco, que reside em São José dos Campos e é sócio de uma transportadora, ligou para Serrano, deposto algumas semanas antes do cargo de chefe do Tesouro da Prefeitura de Pindamonhangaba em meio a uma sucessão de denúncias sobre malversação de recursos públicos.
"Tava ligando pra você porque eu precisava ir conversar pessoalmente, de procurar uma pessoa terceira lá de São Paulo prá pôr no Metrô, pôr esses negócios. Eu tava querendo conversar com o Paulo (sic)", diz James Franco. "Sei, sei", responde o ex-secretário Serrano.
Franco e o ex-secretário são amigos. Os dois foram apresentados a Paulão há cerca de 15 anos pelo irmão de um advogado que vendia placas com nome de rua em Pindamonhangaba. O Metrô informou que o negócio com o empresário nunca foi concretizado.
Para a promotoria, o grampo é um indicativo claro de que o raio de ação e de influência de Paulão como lobista pode ir além do campo da merenda. Além de infiltrar-se no âmbito das administrações municipais, ele teria estendido os préstimos a empresas do Estado.
Não há registro de que tenha usado o nome de Alckmin nas tratativas de seu interesse, mas o Ministério Público suspeita que ele se valia da proximidade familiar com o chefe do Executivo para abrir portas. Publicamente, Alckmin sempre defendeu a investigação.Resposta
O advogado Gustavo Badaró, defensor de Paulo César Ribeiro, o Paulão, declarou que seu cliente jamais intercedeu em licitações do Metrô. "Tive acesso a esse diálogo (do empresário James Franco com o ex-secretário Silvio Serrano) porque consta dos autos. Conversei com o Paulo sobre isso. Posso assegurar que essa conversa não indica absolutamente qualquer atuação do Paulo junto ao Metrô."
Badaró é taxativo sobre o assunto. "Ninguém conversou com Paulo, nem o James, nem Serrano, ninguém pediu nada a ele para interceder junto ao Metrô. Muito menos Paulo teve negócio ou intermediação ou efetuou qualquer atuação empresarial com o Metrô."
O advogado ressalta que a escuta não pegou telefonema de Paulão. "(James) fala sobre um bom negócio e cita o nome do Paulo. É um fornecedor de antiderrapante. Paulo não conversou com James, não conversou com o Serrano sobre isso. Ele conhece o Silvio, eles têm contatos. Mas Paulo nega peremptoriamente qualquer ato ou intermediação de negócio dele ou de quem quer que seja com o Metrô."
O Metrô informou que adquire antiderrapante de duas empresas. "A pessoa em questão (James Franco) não é proprietária nem sócia de nenhuma dessas empresas", anotou o Metrô.
O empresário James Franco e o ex-secretário de Finanças de Pindamonhangaba Silvio Serrano não foram localizados pela reportagem. O prefeito João Ribeiro (PPS), quando estourou o escândalo, em outubro de 2010, disse que demitiu vários secretários inclusive Serrano, como prova de transparência de sua administração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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