A classe empresarial está organizando um levante contra a proposta do governo do estado que reajusta o piso salarial regional entre 11,9% e 21,5% neste ano. Para os empresários, o índice está fora da realidade e deve provocar um impacto negativo na economia do Paraná. O piso regional é pago aos trabalhadores que não têm acordo ou convenção coletiva de trabalho. Mas, segundo os empresários, o reajuste do mínimo regional também influencia nas negoaciações salariais com os trabalhadores sindicalizados.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) vai reivindicar uma audiência com o governo do estado e com a Assembleia Legislativa para falar sobre os riscos que a medida pode representar ao mercado. Na semana passada, as Federações das Indústrias dos três estados do Sul do país (Fiep, Fiergs e Fiesc) encaminharam um documento à Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestando insatisfação sobre as discussões que envolvem os pisos regionais salariais nos estados.
O coordenador do Conselho de Relações do Trabalho da Fiep, Amilton Stival, disse que a inflação no período, medida pelo INPC, foi de 4,18%, muito abaixo dos percentuais propostos pelo governo do estado. Segundo ele, os indicadores da indústria mostram um crescimento 7% menor no ano passado, em relação a 2008. "Temos que trabalhar muito para corrigir essa defasagem. O reajuste pode provocar uma automatização por parte da indústria", disse Stival. Na prática, a medida poderia provocar demissões.
Para o empresário, a situação do setor se agravou com a queda no preço do dólar, que derrubou as exportações principalmente no setor moveleiro e de madeira. Outro entrave seria na área de vestuário por causa dos produtos da indústria chinesa, que entram com facilidade no Brasil.
Diante do quadro exposto pela Fiep, Stival considera muito complicado o governo do Paraná querer fixar agora um índice de reajuste para a iniciativa privada aplicar nos próximos anos. "Não tem como falar em algo que vai acontecer lá na frente", diz.
O argumento do governo do estado em defesa do piso regional é que o salário tem sido um dos importantes fatores de geração de emprego no Paraná e que 2009 teria fechado com mais de 2,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, uma taxa de crescimento de 3,23%, acima da média nacional (3,11%).
A PEC que o governo enviou à Assembleia Legislativa prevê que o cálculo para o aumento salarial em 2011 deve levar em conta a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná do ano de 2009 e a inflação de 2010, medida a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O reajuste deve ser concedido todo mês de maio.