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Caderneta de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, cita empresas sob suspeita | Fernando Bizerra/EFE
Caderneta de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, cita empresas sob suspeita| Foto: Fernando Bizerra/EFE

Candidatos dizem seguir a lei eleitoral

Em nota, o Diretório Nacional do PP afirmou que as doações foram feitas "dentro das normas legais"e que "não há vinculação entre as doações efetivadas ao Diretório Nacional, pelas empresas citadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal, e os candidatos do partido nos estados, por ser atribuição exclusiva da Direção Nacional a distribuição das doações recebidas". O presidente estadual da legenda, Nelson Meurer, disse ver com estranheza a vinculação de fatos ocorridos em anos anteriores com a atual campanha. O parlamentar afirmou que o pedido de auxílio financeiro para o partido foi feito por ele e que não há "nenhuma relação dos candidatos [beneficiados] com qualquer uma das empresas".

Também por nota, a assessoria de Ricardo Barros afirmou que os repasses são feitos de acordo com os critérios estabelecidos pela lei eleitoral. "A origem do dinheiro não é informada previamente aos candidatos pelo Diretório Nacional", diz. Quanto aos repasses aos candidatos Tico Kuzma e Márcio Nunes, a nota afirma que eles "seguiram estritamente a lei eleitoral". A reportagem entrou em contato com assessores de Kuzma e Nunes, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. O deputado Ênio Verri não atendeu a ligação.

Empresas

A Galvão Engenharia também não quis comentar as doações. Já o Grupo Queiroz Galvão respondeu por meio da assessoria que " todas as doações realizadas pela empresa seguem estritamente a legislação eleitoral". A Andrade Gutierrez, por meio da assessoria, ressalta que não é investigada e que as doações são feitas "de acordo com a legislação eleitoral". Segundo a empresa, "os critérios para definir as legendas são baseados na representatividade política das mesmas".

Mesmo investigadas pela Polícia Federal (PF) no esquema de lavagem de dinheiro que teria desviado R$ 10 bilhões, empresas sob suspeita mantiveram doações para partidos e candidatos nesta eleição. De acordo com dados disponíveis no sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos sete das empresas investigadas na Operação Lava Jato doaram R$ 122,3 milhões aos diretórios nacionais de vários partidos que, posteriormente, repassaram parte dos recursos para os candidatos em todo o país.

INFOGRÁFICO: Veja como o dinheiro doado chegou ao Paraná

As empresas aparecem em uma caderneta do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que confirmou, em delação premiada, o pagamento de propina a políticos em troca de contratos de empresas com a Petrobras. Em 2010, as empresas que aparecem na investigação gastaram R$ 412 milhões na campanha. Os números atuais ainda podem mudar com a prestação final de contas.

No estado

No Paraná, quatro candidatos a deputado federal – três deles disputando a reeleição – e oito candidatos a deputado estadual receberam pouco mais de R$ 1 milhão de três empresas. O dinheiro chegou por meio dos diretórios nacionais do PP e do PT e foi redistribuído entre candidatos dos dois partidos, além de um candidato do Pros e outro do PSC.

De acordo com o TSE, o PP direcionou a candidatos no estado, entre outras, doa­ções de R$ 880 mil oriundas da Galvão Engenharia e de R$ 100 mil da Queiroz Galvão Alimentos, do mesmo grupo da construtora Queiroz Galvão, esta última citada na investigação. O maior beneficiado foi o presidente estadual do partido, deputado Nelson Meurer, que recebeu R$ 250 mil. Na sequência vêm os deputados Ricardo Barros (R$ 180 mil) e Dilceu Sperafico (R$ 150 mil). Os três são candidatos à reeleição para a Câmara Federal.

O ex-prefeito de Man­daguari Cyllêneo Pereira Jr., o Cileninho, foi beneficiado com R$ 100 mil. Ainda pelo PP, receberam da Galvão Engenharia os candidatos Marco Andreotti, de Maringá (R$ 60 mil); José Ronaldo Ferreira, o Ronaldão do Povo, de Irati (R$ 50 mil); Rubens Franzin, o Rubão, vereador em Arapongas (R$ 40 mil); Sérgio Baroncini, de Ponta Grossa (R$ 25 mil); e Tito Santini, de Prudentópolis (R$ 25 mil).

Já a doação de R$ 100 mil da Queiroz Galvão foi direcionada integralmente para o maringaense Ricardo Barros. Tesoureiro nacional do PP e ex-secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do governo Beto Richa (PSDB), Barros repassou parte do dinheiro para candidatos de outros dois partidos: R$ 50 mil para o vereador de Curitiba Tico Kuzma (Pros) e R$ 20 mil para o ex-presidente do Instituto das Águas do Paraná, autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Márcio Nunes (PSC), ambos candidatos a deputado estadual.

Já o deputado estadual Ênio Verri (PT), candidato a uma vaga na Câmara Federal, recebeu R$ 95 mil da empreiteira Andrade Gutierrez, também citada na investigação. A doação veio por meio do diretório estadual do PT.

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