Brasília (AE) O ex-superintendente do Banco Rural Carlos Roberto Godinho confirmou ontem à CPI dos Correios que os empréstimos às agências de publicidade SMPB e Grafitti, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, eram de fachada e "foram feitos para não serem pagos". Segundo Godinho, apesar de várias irregularidades mostrarem que o objetivo era "maquiar" outras fontes de recursos que abasteciam as empresas, nada foi detectado pelo Banco Central (BC), em inspeção realizada no Rural entre 2004 e 2005.
Funcionário do Rural durante 17 anos, ele disse que se surpreendeu com o resultado da inspeção do BC, porque, entre 2001 e 2002, outra fiscalização feita provocou um relatório "muito mais forte, mais contundente". Os empréstimos somaram R$ 28,8 milhões e foram feitos em fevereiro e em setembro de 2003. Marcos Valério rejeita a tese da farsa, mas já confessou que o dinheiro obtido no Banco Rural foi usado no caixa 2 que abasteceu partidos e campanhas eleitorais.
Godinho, que foi demitido em agosto último, disse aos parlamentares que em 2003 e 2004, a diretoria do banco "comemorava o caixa gordo" propiciado por investimentos de clientes como os fundos de pensão. Nos últimos quatro anos, ele foi responsável pelo setor de "compliance" (conformidade das normas internas) do Rural, encarregado de detectar indícios de lavagem de dinheiro nas movimentações dos clientes.